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Vereadores vão ao ataque contra entidades

Após mais fiscalização e cobrança por parte de órgãos como OAB e Ciesp, membros da Câmara acirram críticas

Especialista afirma que postura dos vereadores reflete dificuldade em aceitar as críticas e o diálogo democrático

GABRIELA YAMADA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE RIBEIRÃO PRETO

Vereadores de Ribeirão Preto partiram para o ataque contra entidades e grupos que passaram a fiscalizar e cobrar mais o Legislativo.

Na mira dos vereadores estão órgãos de classe como OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), além de grupos de mobilização popular.

Para Jorge Sanchez, presidente-executivo da Amarribo Brasil, que representa a ONG Transparência Internacional no país, a postura dos vereadores reflete uma não aceitação ao debate e à crítica.

Um dos ataques partiu do vereador Cícero Gomes da Silva (PMDB). "O acusador é o satanás, o capeta. O defensor é Jesus Cristo", disse Cícero, que é da Igreja Presbiteriana.

O vereador se referia a 12 membros de cinco entidades que protocolaram pedido de abertura de CP (Comissão Processante) contra ele e outros três parlamentares.

Cícero diz ter se sentido ofendido e, por conta disso, está processando os autores.

Na mesma sessão, Walter Gomes (PR) usou o plenário da Casa para atacar Ricardo Giuntini e Daniel Rondi, presidente e diretor da OAB local, respectivamente.

Ele disse que ambos usam a entidade para política e que a OAB está "vergonhosa".

A tentativa de desqualificar integrantes de entidades em plena sessão da Câmara é a prova da falta de preparo dos vereadores para a manutenção de diálogo democrático, diz Sanchez.

Rondi, diretor da OAB, afirma que a entidade está cumprindo seu papel de fazer denúncias quando necessário, o que, afirma ele, incomoda alguns parlamentares.

A entidade é pertencente a um grupo que faz campanha contra o aumento do número de vereadores de 20 para 27, aprovado em janeiro.

Formado também pela Acirp (Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto), Ciesp, maçonaria e Rotary Club, o grupo lidera uma ação de iniciativa popular para que a lei seja revogada.

A ação inclui a distribuição de 30 mil adesivos para carros sobre a campanha.

Pelos corredores da Câmara e nos gabinetes, é comum ouvir comentários de que os integrantes das instituições são todos "partidários".

PRESSÃO

"Temos dificuldade em nos relacionar [com a Câmara]. Não conseguimos reunião com nenhum vereador", diz Dorival Balbino, do Ciesp.

A pressão popular cresceu em abril, com a criação do grupo Por Uma Ribeirão Melhor no Facebook -até ontem eram quase 5.200 membros.

"A cobrança é um direito legítimo nosso. Mas eles não aceitam críticas", disse André Rodini, do grupo.

Regina Maria Brandeburgo, do Gapci (Grupo Ação Pró-Cidadania), ligado à Pastoral Política da Arquidiocese de Ribeirão, afirma que ela e outros membros eram chamadas de "as velhinhas do padre Chico" há 12 anos.

O Gapci publica, periodicamente, balanço sobre a atuação de cada vereador.

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