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Zero química

Especialistas criam técnicas de adubação biológica e de combate a pragas com produtos ofertados pela própria natureza

CAMILA TURTELLI DE RIBEIRÃO PRETO

Vespas, urina de vaca e esterco são algumas das coqueluches atuais nas pesquisas brasileiras para defesa e enriquecimento das lavouras.

Técnicas que reduzem os impactos negativos ao meio ambiente despontam como alternativas que prometem também ganhos financeiros aos produtores rurais.

Uma dessas técnicas, em desenvolvimento pela Unesp de Jaboticabal, prevê uma adubação de cana-de-açúcar que promove o restabelecimento do equilíbrio natural do solo.

A adubação, chamada de biológica, usa esterco de gado e uma mistura de nutrientes pulverizada na plantação.

A técnica tradicionalmente usada na cultura, a adubação mineral, utiliza nitrogênio, fósforo e potássio, e pode trazer consequências negativas ao solo e à atmosfera, como a emissão de gases.

"O estudo apresentou resultados favoráveis de ATR [açúcar total recuperado, a quantidade de açúcar extraída da planta] e menores custos de produção", afirmou o professor Marcos Omir Marques, que comanda a pesquisa da Unesp.

Segundo Marques, a proposta da adubação biológica é restabelecer o equilíbrio do solo e produzir nutrientes necessários para o crescimento saudável da cana-de-açúcar.

Outra pesquisa pretende deixar o plantio mais ecológico e lucrativo quando o assunto é a defesa de pragas.

Desenvolvida pelo departamento de Milho e Sorgo da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária), uma investigação aprimora o uso de uma vespa no combate à lagarta Helicoverpa armigera, que devastou lavouras de milho e soja e causou prejuízos em 2013.

A praga tem alto poder de destruição em culturas como soja, milho, feijão, entre outras. Ela come as plantas de dentro para fora, o que dificulta o uso de inseticida em seu combate.

A Trichogramma é um inseto voador que mede, em média, 2 milímetros, e é um inimigo natural da lagarta.

"Ela é capaz de eliminar a praga sem deixar qualquer resíduo tóxico na planta", afirmou o responsável pela pesquisa, Ivan Cruz.

A vespa, inserida nas lavouras, consegue identificar em quais plantas a lagarta depositou seu ovo. Então ela deposita o seu próprio ovo dentro do deixado pela praga, do qual se alimenta.

"É uma relação de parasitismo. Não há dano à planta neste processo", disse Cruz.

De acordo com o pesquisador, a intenção não é erradicar a Helicoverpa e, sim, restabelecer a biodiversidade.

A pesquisa da Embrapa investiga meios para que cooperativas e sindicatos possam manter fábricas de Trichogramma e comercializar a vespa, sem que isso cause um desequilíbrio na natureza.

A urina de vaca é também uma arma que pode combater a Helicoverpa, segundo pesquisas atuais.

"Esta técnica não deixa resíduos no solo", afirmou a pesquisadora Tamara Locatelli, da Universidade Estadual do Norte Fluminense.

Uma investigação desenvolvida por ela estudou os efeitos do uso de urina de vaca e extrato de nim [uma pequena árvore do sudeste asiático] no combate de pragas, como a lagarta-do-cartucho.

O professor do Centro de Energia Nuclear da Agricultura da USP Carlos Clemente Cerri afirmou que há atualmente uma tendência de pesquisas que buscam as alternativas mais "limpas" para as lavouras.


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