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Prefeitura 'caça' usuário de crack na rua

Programa terá consultório volante, mas coordenador de saúde mental teme falta de vagas para internar viciados

Ribeirão recebeu R$ 150 mil do governo federal para criar consultório de rua; São Carlos também terá o serviço

JULIANA COISSI
DE RIBEIRÃO PRETO

A bordo de uma van, Ribeirão Preto passará neste ano a "caçar" usuários de crack pelas ruas da cidade e a lhes oferecer tratamento. O município é um dos que recebeu repasse da União para criar o consultório de rua do crack.

Apesar da iniciativa, a própria Secretaria da Saúde de Ribeirão teme que faltem vagas para internar pacientes tanto em hospitais como em serviços ambulatoriais -a carência de serviços para dependentes químicos é um dos gargalos da região.

O Ministério da Saúde repassou R$ 150 mil para a Prefeitura de Ribeirão. É uma das cinco cidades do interior contempladas, além de Sorocaba, São José do Rio Preto, Jundiaí e São José dos Campos.

São Carlos também deve receber o consultório de rua. A promessa foi do próprio ministro da Saúde, Alexandre Padilha, em visita à cidade em dezembro de 2011.

ABORDAGEM

O consultório de rua deve começar a funcionar a partir de março, segundo o coordenador da Saúde Mental de Ribeirão, Alexandre Firmo Souza Cruz. É o tempo para contratar a equipe de saúde.

Dentro da van, estarão embarcados um psiquiatra, um psicólogo, um enfermeiro e um assistente social. Eles devem percorrer pontos de maior consumo a céu aberto.

Como a Folha publicou em 2011, Ribeirão convive com "minicracolândias" (leia texto nesta página).

Segundo Cruz, a abordagem servirá para orientar os usuários sobre os tratamentos disponíveis, como os ambulatoriais ou de grupos como o dos narcóticos anônimos.

Se o caso exigir internação hospitalar e o usuário quiser se tratar, a equipe de rua pode buscar a internação.

O coordenador admite, porém, que a medida pode esbarrar na falta de vagas para internação no HC e no hospital Santa Tereza, que atendem a região. "A internação vai depender se tiver vagas."

Em São Carlos, o serviço funcionará até o fim do ano, segundo o secretário da Saúde, Marcus Vinicius Bizzarro.

Os atendidos devem ser levados para grupos de narcóticos ou ambulatórios, hospitais ou até clínicas particulares.

Coordenador do programa de álcool e drogas da USP, o psiquiatra Erikson Furtado diz que as poucas experiências de consultório de rua do país mostraram resultados.

"É um paciente muito vulnerável, sem casa, que não vai sozinho buscar ajuda no serviço ambulatorial."

Ele diz, porém, que só a abordagem não basta. "O que preocupa é essa equipe ficar isolada. Ela deve se integrar ao Caps-AD e às equipes de saúde da família dos bairros."

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