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Crise calçadista eleva 'calote' em Franca

Inadimplência sobe 262,8% nos sete primeiros meses deste ano em comparação com o mesmo período de 2013

Entidades sindicais estimam que redução do número de postos de trabalho será de 5.000 até o final de 2014

THOMAZ FERNANDES DE RIBEIRÃO PRETO

A crise vivida no setor calçadista de Franca provocou o aumento na inadimplência no município em 262,8% entre janeiro e julho, em comparação com o mesmo período do ano passado.

Segundo a Acif (Associação do Comércio e Indústria de Franca), que usa o banco de dados do SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito), o calote nos primeiros sete meses de 2013 era de R$ 24,5 milhões, volume financeiro que saltou para R$ 88,9 milhões neste ano.

A alta nas demissões é, para o presidente da Acif, José Alexandre Carmo Jorge, a razão do endividamento.

"Houve aumento no número de pessoas endividadas, mas sobretudo no valor devido", afirmou. "As demissões aconteceram ao mesmo tempo em que a Copa estimulou mais gastos."

Ele disse que já houve queda no número de contratações de trabalhadores do comércio em função da desaceleração no consumo.

Para o economista da Uni-Facef (Centro Universitário de Franca), Hélio Braga Filho, a falta de diversidade industrial faz com que a economia de Franca fique vulnerável à crise de um ramo.

Segundo Braga Filho, o setor de calçados representa 90% de toda a atividade da indústria local.

Entidades sindicais de Franca dizem atravessar a pior crise da história do setor calçadista e preveem até 5.000 demissões até o fim do ano. Entre maio e julho o setor cortou 838 postos.

Falta de competitividade diante de produtos importados, alta na inflação e o "custo Brasil" são apontados como problemas permanentes do setor calçadista nos últimos anos. Mas a queda nas compras no comércio durante a Copa agravou a situação.

A crise ocorre mesmo com benefícios recebidos pelo setor, como desoneração da folha de pagamento, devolução de 0,3% pago pelas exportações e desconto no ICMS para o setor industrial.

EXIGIR SOLUÇÕES

Braga Filho disse não crer em solução no curto prazo para o setor e que empresas do país devem se organizar para encontrar e exigir soluções no médio e longo prazos.

"Há um problema em toda a indústria e resolvê-lo exige mais uma solução técnica do que um improviso político."

O presidente do Sindifranca (Sindicato da Indústria de Calçados de Franca), José Carlos Brigagão do Couto, disse que não vê "luz no fim do túnel" para a atual crise.

Ele disse que o calçado brasileiro não tem competitividade no exterior e perde para produtos da Ásia também no mercado doméstico.

"No caso de São Paulo, perdemos também para os Estados vizinhos. O ICMS cobrado aqui é maior que no resto do país", afirmou.

O presidente do Sindifranca criticou a política econômica brasileira e disse que só uma reforma tributária poderá resgatar o mercado da crise que está enfrentando.


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