Usina vende até tratores para quitar pagamentos

A crise financeira da Companhia Albertina, tradicional usina de cana-de-açúcar de Sertãozinho, voltou a atingir os cerca de 600 funcionários vinculados à empresa, que estão sem receber o salário.

Para sanar a dívida, a usina está se desfazendo de "ativos móveis", que são tratores e caminhões, por exemplo.

Essa é a segunda vez que a usina deixa de quitar em dia seus débitos, desde que entrou em processo de recuperação judicial, em 2008.

Os pagamentos de dezembro, que deveriam ser feitos no quinto dia útil de janeiro, estão atrasados, de acordo com a própria usina.

No mês passado, a Companhia Albertina já havia deixado de pagar em dia a segunda parcela do 13º salário, estimada em R$ 400 mil.

A falta de recursos é decorrente do aumento da dívida após a crise financeira de 2008, quando houve alta do dólar e queda do preço do açúcar, e da quebra da produção na última safra.

Para sair da crise, a Albertina tenta aprovar entre os credores um contrato com a Louis Dreyfus Commodities de R$ 180 milhões, uma negociação que se arrasta desde outubro. A multinacional quer arrendar 8.000 hectares de canaviais, com potencial produtivo de 700 mil toneladas de cana-de-açúcar.

O contrato, que teria aporte inicial de R$ 20 milhões, não foi aprovado pelo grupo Cosan, um dos credores, e a proposta foi submetida a análise judicial.

MÁQUINAS PARADAS

De acordo com Mauro Roberto Bissi, tesoureiro do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Alimentícia, a usina está fechada e os trabalhadores, afastados. A manutenção dos maquinários, que deveria ser feita na entressafra, está suspensa e a usina não deve operar neste ano.

Segundo ele, os funcionários temem o desemprego e a falta de pagamento das dívidas trabalhistas.

A usina informou, no entanto, que não há previsão de demissões e que o pagamento será feito até amanhã.