Garimpo ilegal desafia polícia na divisa com MG
Prática tem como objetivo encontrar diamantes nas águas do rio Grande
Para a polícia, garimpo pode assorear o rio, danificar a flora e matar peixes com a utilização de substâncias tóxicas
Em balsas improvisadas, cobertas de lona e movidas a motor de caminhão, garimpeiros clandestinos desafiam a polícia para tentar achar diamantes no fundo do rio Grande, entre as cidades de Colômbia e Guaraci.
Diariamente, a cerca de uma hora de barco de uma vila de pescadores em Colômbia, duas barcaças percorriam o rio em busca da "sorte grande". A Folha flagrou dez homens no local.
Anos atrás, o rio já abrigou centenas de balsas, com mais de mil homens. Fiscalizações policiais e a dificuldade maior em encontrar pedras preciosas fizeram cair o número de garimpeiros.
Mas a atividade persiste, sem que os garimpeiros revelem quanto ganham. Entre as lendas está a de que um diamante rosa de mais de R$ 1 milhão já foi encontrado. Para as autoridades, além de ilegal, o garimpo é explorador.
No tempo em que permanecem no rio --até dois meses--, os homens vivem em situação precária. Em uma das balsas, dois dormiam em redes, ao lado de uma barulhenta esteira improvisada por onde passam as pedras.
Para garimpar, mergulham no fundo do rio. São mantidos com uma bomba de oxigênio horas debaixo de água. De lá, sugam as pedras que passam pela esteira.
Se encontrarem uma pedra preciosa, o garimpeiro leva para casa 35% do valor da venda no mercado ilegal.
O resto vai para o dono da balsa, que ninguém diz quem é. "Antigamente era melhor. Muita gente foi para o Norte", disse um garimpeiro, que já foi preso numa operação. Nenhum quis se identificar.
A ilegalidade está nos sérios danos ambientais causados ao rio com a prática.
Segundo o DNPM (Departamento Nacional de Produção Mineral), há sete autorizações para pesquisa no rio. Uma cooperativa de garimpeiros chegou a ter, em 2005, uma permissão de exploração, que não foi renovada.
Para o tenente da Polícia Ambiental de Barretos Rodrigo Antonio dos Santos, ao sugar as pedras os garimpeiros causam assoreamento do rio, danificam a flora e usam substâncias que podem causar mortes de peixes --além do óleo do motor, poluente.
Para ele, a redução do garimpo é resultado de fiscalização. As investigações do Ministério Público Federal resultaram em ação em 2007, que ainda aguarda decisão.
O procurador André de Menezes pediu que as balsas fossem destruídas --o que foi negado. Para a Polícia Federal, o local deve ser alvo da Polícia Ambiental. "Não temos como ficar 24 horas de plantão no rio", disse Jackson Gonçalves, delegado da PF.