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De Beyoncé a Bach

Antes fãs do pop da moda, jovens talentos eruditos de Ribeirão Preto agora se preparam para soltar a voz pelo Brasil

Márcia Ribeiro/Folhapress
Lilian (de vermelho) e Bruna ensaiam no Theatro Pedro 2º, em Ribeirão Preto
Lilian (de vermelho) e Bruna ensaiam no Theatro Pedro 2º, em Ribeirão Preto

GABRIELA YAMADA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE RIBEIRÃO PRETO

Assim como outras garotas de sua idade, elas gostam da cantora pop Beyoncé e também curtem a banda inglesa de rock Queen. E só.

Desde crianças, as estudantes Bruna Amaral, 16, e Lilian Giovanini, 21, aprenderam a ouvir música clássica. Agora, se preparam para representar Ribeirão Preto em concertos por todo o país neste ano.

No caso de Bruna, apenas 15 minutos de apresentação no Teatro Sesi, em agosto, bastaram para que ela caísse nas graças do maestro João Carlos Martins.

"Ela tem um talento extraordinário. É um desses diamantes que, lapidado, pode dar orgulho ao Brasil no futuro", afirmou ele.

Depois de ouvi-la cantar "Melodia Sentimental", de Heitor Villa-Lobos (1887-1959), Martins não teve dúvida: convidou a adolescente a se apresentar na Filarmônica Bachiana Sesi, no HSBC Hall, em novembro.

A interpretação de "Con Te Partiró", que ficou famosa na voz de Andrea Bocelli, foi feita junto com o tenor Jean William, 24, de Barrinha, também revelado pelo maestro.

À Folha Martins confirmou: Bruna estará presente em um concerto junto com a Bachiana em março e, depois, deverá se apresentar com a orquestra ao longo do ano.

No início da adolescência, porém, Bruna quase "se perdeu" pelo caminho musical.

"Ela começou a gostar de rock pesado e a se vestir de preto, como as amigas da época", lembrou a mãe da soprano, Silvia Amaral.

Grande incentivadora, ela admite que direcionou o gosto musical da filha e apresentou a ela o Queen.

"Eu já gostava de musicais da Disney quando criança. Minha mãe sempre estimulou a arte em mim", disse.

NADA DE GANDAIA

Amiga de Bruna, Lilian passou pelo mesmo processo e hoje é solista da Cia. Minaz. "Foi tenso [na adolescência]. Tive que aprender a não ser igual às pessoas da minha idade", afirmou.

Grande premiada no 17º Concurso Ospa (Orquestra Sinfônica de Porto Alegre) para Jovens Solistas e Regentes, no final do ano passado, Lilian se prepara para a temporada com a Ospa pelo Rio Grande do Sul.

Como a amiga Bruna, Lilian é rígida consigo mesma: dorme oito horas por noite, tem uma alimentação balanceada para preservar a voz e passa longe das festas e dos shows noturnos.

"Meu instrumento sou eu mesma. Se eu não seguir essas regras, eu vou me prejudicar", disse ela, para quem Ribeirão está se tornando a cidade da ópera.

A maestrina Gisele Ganade, da Minaz, afirma que a disciplina e as horas de estudos práticos e teóricos que Lilian dedica à música são fundamentais para o seu sucesso profissional.

EM BUSCA DA FAMA

Bruna e Lilian desejam ir além dos palcos brasileiros: ambas almejam bolsas de estudo na Europa e na Juilliard School, de Nova York, uma das mais renomadas escolas de música do mundo.

Martins afirma que Bruna e Lilian estão em uma fase em que é preciso ter "disciplina de atleta e alma de poeta".

E, a qualquer sinal de fama repentina que possa aparecer a elas -o que muitas garotas de sua idade sonham-, ele aconselha:

"Nunca se pode chegar ao quinto degrau antes de ter chegado ao quarto. A música se faz com amor, paixão e, sobretudo, humildade."

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