Região tem o pior índice de criação de vagas em 11 anos
Em 2014, as dez maiores cidades geraram, juntas, 6.280 empregos formais
Dados do governo federal apontam alta de postos de trabalho somente em Bebedouro e em Araraquara
As dez maiores cidades da região de Ribeirão Preto tiveram no ano passado o pior desempenho na criação de empregos com carteira assinada desde 2003. É o que apontam os dados do Ministério do Trabalho e Emprego.
Juntos, os municípios criaram 6.280 postos formais.
O saldo é inferior às 12.379 vagas geradas em 2003, o menor índice registrado, segundo o Caged (Cadastro Geral de Empregos), do ministério.
Os dados apontam também que, em relação a 2013, o desempenho de sete cidades foi ruim --somente Araraquara e Bebedouro tiveram aumento de vagas.
A crise nos setores sucroenergético e calçadista influenciou na queda de empregos em Sertãozinho e Franca, que fecharam o ano com saldo negativo, respectivamente, de 2.046 e 1.387 vagas.
Sertãozinho registrou o quarto pior resultado em todo o Estado de São Paulo.
"Este ano será de ajuste, mas ainda assim muito difícil, principalmente no setor industrial", afirmou Luciano Nakabashi, professor da FEA-RP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto), da USP.
Segundo o ministério, nove das dez cidades encerraram o ano passado com cortes nas indústrias, num total de 8.261 postos fechados.
No setor, Franca perdeu 2.371 vagas, e Sertãozinho, 2.230 --o sindicato dos metalúrgicos soma cerca de 3.200 demissões no setor.
"Chegamos a ter 15 mil metalúrgicos, e hoje, temos menos de 9 mil", disse Antonio Tonielo Filho, presidente do Ceise-Br (Centro Nacional das Indústrias do Setor Sucroenergético e Biocombustíveis).
Para Nakabashi, Sertãozinho deve levar ao menos dois anos para conseguir retomar o crescimento econômico.
O aumento de juros e impostos, a inflação alta e o endividamento das famílias comprometem as perspectivas para o primeiro trimestre.
A opinião é de José Carlos Brigagão do Couto, presidente do Sindifranca (Sindicato da Indústria de Calçados de Franca). "Isso sem contar com os resultados da seca e do escândalo da Petrobras para a economia do país e suas exportações", afirmou.
A crise do ano passado, aliada à alta dos juros, deverá se refletir este ano também em financiamentos, como imobiliários, atingindo Ribeirão.
"De uma forma geral, a criação de novos empregos está comprometida. A melhora só virá em meados de 2016", afirmou Nakabashi.