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Crescem denúncias de maus-tratos a bichos

Registros de crueldade contra animais aumentaram 20% no Estado no ano passado, segundo o Disque-Denúncia

Aumento no número de casos no interior é ainda maior, de 35%; faltam delegacias especializadas

Márcia Ribeiro/Folhapress
Animais no canil Castelo, em Ribeirão
Animais no canil Castelo, em Ribeirão

ELIDA OLIVEIRA
DE RIBEIRÃO PRETO

Em fevereiro, quando tinha menos de um mês de vida, o pequeno José, um cachorro da raça fox paulistinha, foi jogado de um caminhão numa rua movimentada de Ribeirão Preto. Ele sobreviveu, foi resgatado e está hoje sendo cuidado numa chácara, à espera de adoção.

José é um dos muitos exemplos de casos de maus-tratos a animais registrados em São Paulo. Em 2011, as denúncias de crueldade contra os bichinhos chegaram a 2.646 no Estado de São Paulo -20% a mais do que no ano anterior.

Percentualmente, o interior é a região com o maior aumento: 35% a mais no ano passado em relação ao mesmo período de 2010.

Os dados são do Disque-Denúncia 181, ligado à Secretaria de Estado da Segurança Pública, que, após receber as denúncias, envia os casos para as delegacias apurarem.

Os números podem ser ainda maiores, já que há denúncias feitas direto nas delegacias, na Polícia Ambiental ou no Ministério Público, que não entram na conta do 181.

São agressões físicas, prisão dos bichos em locais pequenos, trabalho forçado de cavalos em carroças, brigas de canários e até mortes.

Só em Ribeirão, 46 bichos -39 felinos, seis gambás e uma cadela- foram envenenados no morro São Bento.

Como nesse caso de matança de bichos, inúmeras denúncias terminam sem punição. Para o delegado de Proteção ao Animal de Ribeirão, Marcos César Borges, casos sem flagrante ou pista de suspeitos são difíceis de apurar -90% das denúncias encaminhadas ficam sem solução.

As delegacias ainda sofrem com a falta de infraestrutura. No Estado mais rico do país, só Ribeirão, Campinas, Sorocaba e Bebedouro possuem setores especializados em apurar crimes de crueldade contra os animais, segundo a Secretaria da Segurança.

SEM ESTRUTURA

"Além de poucos funcionários, a polícia não tem estrutura para atender, como clínicas, abrigos ou remédios. Contamos com voluntários", afirmou a delegada Rosana Mortari, de Campinas.

Um dos casos de 2011 que teve investigação com desfecho foi o do canil Castelo, em Ribeirão, onde cães foram flagrados sem comida e água. Após denúncia de vizinhos, a Delegacia de Proteção ao Animal interditou o local.

O canil continua interditado e um dos sócios, Paulo Sérgio de Paula, disse que tenta readequar o espaço para abrigar os cães. Ele ainda responde inquérito na Polícia Civil.

Nem mesmo cães de raças que metem medo escapam. A pitbull Valentina foi encontrada numa rua também de Ribeirão com cortes profundos no pescoço e na testa.

Foi adotada em agosto pela estudante de direito Ieda Bonini, 29, depois de 40 dias de entrosamento.

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