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Bairro nobre lidera ranking de queimadas em Ribeirão

Locais como Jardim Botânico e Califórnia têm os maiores índices de multas

Áreas que ficam vazias, principalmente por causa da especulação imobiliária, são as que mais têm problemas

ELIDA OLIVEIRA
DE RIBEIRÃO PRETO

Bairros de classe alta e média de Ribeirão Preto estão entre os mais incendiários da cidade, de acordo com um ranking elaborado com base nas multas aplicadas pela Fiscalização-Geral da prefeitura, feito a pedido da Folha.

Os líderes da cidade são Jardim Botânico e City Ribeirão, seguidos pelo bloco Califórnia, Ana Maria e Flórida, além dos bairros Nova Ribeirânia e Ribeirânia (veja quadro ao lado).

O motivo, disse o chefe da Fiscalização, Oswaldo Braga, é que nesses bairros nobres há muita especulação imobiliária -ou seja, compram-se terrenos sem que haja a intenção de construir algo.

Os bairros da região sul da cidade chegaram a valorizar 150% em dois anos, segundo Antônio Carlos Maçoneto, coordenador do grupo setorial de imobiliárias da Acirp (Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto).

Com as áreas vazias, o mato toma conta e o fogo é usado para manter o local limpo.

"A queimada de terreno urbano é ainda pior porque em meio ao mato há plástico, por exemplo, que libera fumaças tóxicas", afirma Braga.

Em 2011 houve 1.185 incêndios em matos, terrenos baldios e matas de área urbana, segundo levantamento feito pelo Corpo de Bombeiros.

Com data marcada para o fim da queima da cana, as atenções se voltam à cidade.

O promotor do Gaema (Grupo de Atuação Especial de Defesa do Meio Ambiente), Marcelo Goulart, tem feito encontros com o poder público, empresas e entidades para criar regras para inibir as queimadas irregulares.

AMEAÇA AOS IMÓVEIS

Para a empresária Sirene Gregoldo, da City Ribeirão, os casos de queimadas no bairro são recorrentes.

Em 2011, um incêndio no terreno ao lado da empresa dela quase colocou em risco propriedade e funcionários.

"Puseram fogo no matagal de três terrenos vazios ao lado da empresa e as chamas se alastraram, queimaram até a cerca viva", disse.

Para Marcelo Ramos, membro da Sacy (Sociedade de Amigos da City Ribeirão), a situação é ainda mais grave, já que o número de autuações da prefeitura é inferior à quantidade de queimadas.

"É um problema crônico", disse ele, que estima em 450 os lotes voltados à especulação imobiliária no bairro.

Na Ribeirânia, são mil lotes sem construções, segundo Ivens Teles, presidente da Amor (Associação de Moradores de Ribeirânia).

Para ele, a alta incidência das queimadas se deve à especulação imobiliária e à fraca fiscalização da prefeitura.

"Os fiscais só autuam se tiver reclamação da vizinhança", afirmou Teles.

Colaborou GABRIELA YAMADA, de Ribeirão

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