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Onda de crimes faz morador ver árvore como vilã

Contra furto, população de Colômbia quer o corte de plantas saudáveis das calçadas

Edson Silva/Folhapress
O vereador Evando Ataíde da Silva, ex-PV, ao lado de árvore que ele pediu para cortar
O vereador Evando Ataíde da Silva, ex-PV, ao lado de árvore que ele pediu para cortar

JULIANA COISSI
DE RIBEIRÃO PRETO

Duas árvores na calçada são "cúmplices" de um crime praticado há seis meses: o furto de ao menos 60 galinhas do terreno do vereador Evando Ataíde da Silva (PSDB), na cidade de Colômbia.

É que as árvores, explica o vereador, ex-PV, servem de escada para ladrões transporem o muro de 3,2 metros.

Em outro imóvel, são quatro árvores de copas densas que tiram o sono de Maria de Lourdes Oliveira, 40. Ao ocultar a luz do poste, os galhos 'abrigam' usuários de drogas.

Mais quatro roubos em menos de um mês na cidade, de 5.994 habitantes, bastaram para que fosse eleita uma das vilãs da segurança pública em Colômbia: a natureza.

Com medo de roubos, moradores da cidade estão pedindo à prefeitura para que árvores sejam arrancadas.

Dos 15 pedidos de cortes à prefeitura neste mês, em 11 a justificativa dos moradores era que as espécies tornavam os imóveis mais inseguros.

Em cinco casos nem se esperou uma resposta. Os exemplares foram arrancados sem a autorização, segundo a superintendente do Meio Ambiente da prefeitura, Maria Inácia Freitas.

"É absurdo achar que insegurança é um problema da árvore. É uma questão de segurança pública", disse.

A falta de mais policiamento é a principal reclamação. Há apenas dois policiais militares por turno na cidade, segundo o prefeito Fábio Alexandre Barbosa (PP).

A PM disse que há sete policiais em atuação no município. "Não há falta de efetivo", afirmou em nota.

'CULPADAS'

Com a sensação de insegurança, moradores elegeram as árvores como rés.

No caso do vereador Evando Silva, além de galinhas, foram roubadas ferramentas de seu terreno. "Ali o único jeito é cortar as árvores para a gente ter sossego".

Eleito pelo PV, no qual permaneceu até quatro meses atrás, ele diz não ver contradição em um "ex-verde" pedir corte de árvores. "Quando você não vê caminho nenhum, chega a esse ponto."

A prefeitura informou que pedidos de cortes de árvores não serão atendidos só pela alegação de insegurança.

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