Construtoras recebem 70% mais queixas

	Edson Silva/Folhapress
	Vista do condomínio residencial do Jd. Palma Travassos; moradores esperaram quase 10 meses para receber as chaves

Há dez meses, o gerente de loja Douglas Amorim Candido, 27, espera a entrega das chaves de um apartamento de R$ 140 mil que ele comprou em novembro de 2008, no Jardim Palma Travassos, em Ribeirão Preto.

O consultor de informática Cesar Teixeira, 40, enfrenta uma maratona contra infiltrações no apartamento novo: já foram duas no banheiro, uma na sala de estar e outras três na cozinha.

Eles são apenas dois exemplos de consumidores que tiveram problemas com construtoras em Ribeirão no ano passado. As reclamações contra essas empresas tiveram um aumento de 70% na cidade entre 2010 e 2011, segundo o site Reclame Aqui.

O número de lançamentos imobiliários no mesmo período cresceu 25%, de acordo com a empresa Mercadotecnia, consultoria especializada em pesquisa e estratégia de mercado. Desses, 55% eram destinados a residências.

RANKING

As cinco empresas que lideram as queixas no site concentram 15% de todas as reclamações -110 casos dos 715 registros no ano passado.

A MRV Engenharia recebeu 64 queixas e é seguida por PDG Incorporações (19), Trisul (16), Tenda (6) e Living Construtora (5), segundo levantamento feito a pedido da Folha. Não há registros no Procon de Ribeirão.

O presidente do Reclame Aqui, Maurício Vargas, disse que os consumidores recorrem à internet porque a empresa fica mais exposta e tende a responder mais rápido.

"No Procon, as queixas demoram cerca de quatro meses para serem atendidas e no site, três dias", disse Vargas.

Foi o caso de Teixeira. Para resolver o problema das infiltrações, ele fez contato com a construtora, mas ela só o atendeu depois que ele registrou a reclamação no site.

Ainda assim, isso não resolveu o problema. Apesar de as infiltrações terem começado a aparecer logo após a entrega do imóvel, a construtora deixou de fazer os reparos quando venceu a garantia do serviço. "E a infiltração continua lá."

Segundo Vargas, a maior parte das reclamações dos clientes é contra o atendimento das empresas.

"O imóvel é comprado com o corretor, que nem é da empresa [construtora]. Depois, o cliente não tem a quem recorrer", disse Vargas.