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Eleição causa 'debandada' em prefeituras e delegacias

25 pré-candidatos a vereador deixaram cargos em governos da região

Outros 12 delegados se afastaram das funções em cumprimento ao prazo previsto pela legislação eleitoral

ELIDA OLIVEIRA
DE RIBEIRÃO PRETO

Restando seis meses para a eleição de outubro, a corrida por uma cadeira nas Câmaras da região provocou uma "debandada" em prefeituras e delegacias. São ao menos 37 baixas registradas.

O levantamento da Folha envolve prefeituras e delegacias de Ribeirão Preto, Franca, São Carlos, Araraquara, Sertãozinho e Barretos.

Segundo a legislação, os pedidos de exoneração dos que planejam concorrer a vereador precisam ocorrer seis meses antes do pleito -o prazo venceu no último dia 7.

Nas prefeituras, foram 25 desligamentos de secretários e outros comissionados.

Já nas delegacias seccionais das seis cidades, 12 delegados se afastaram das funções.

As prefeituras dizem que os trabalhos não serão interrompidos porque serão assumidos por outros secretários ou técnicos das áreas.

Os políticos que se afastaram, por outro lado, esperam ter um "upgrade" na campanha só por terem passado por cargos no Executivo.

A maior parte desses postulantes a cadeiras na Câmara é formada por ex-dirigentes de serviços que têm apelo junto ao eleitor, como Assistência Social e Habitação.

Araraquara é a cidade que lidera a debandada, com oito saídas -quatro secretários e outros quatro de escalões inferiores no governo.

Três dos quatro ex-secretários voltaram para seus cargos de vereadores na Câmara e vão tentar a reeleição.

José Carlos Porsani (PP), que deixou a secretaria da Assistência Social, por exemplo, vai concorrer ao sexto mandato como vereador.

Ele, que já foi duas vezes secretário, admitiu que o trabalho na prefeitura facilita a aproximação com o eleitor. "Tenho um trabalho grande [na área de assistência] e acho que isso facilita."

Em Ribeirão Preto, saíram cinco, entre eles o ex-chefe do Procon, José Luiz Pontim (PSDC). Mas ele não confirma nem descarta a possibilidade de concorrer. "Tudo depende dos projetos políticos."

Em Franca, Valéria Marson (PSDB), ex-secretária de Urbanismo e Habitação, vai concorrer pela primeira vez à Câmara após perder nas prévias do partido para ser pré-candidata à prefeitura.

ANALISTAS

Para analistas políticos ouvidos, a saída de secretários das prefeituras precisa ser planejada para que não haja descontinuidade nas ações.

Eles dizem ainda que a escolha dos novos nomes pode virar moeda política para reforçar futuras alianças e prejudicar a independência entre Executivo e Legislativo.

Para Leonardo Barreto, cientista político da UnB (Universidade de Brasília), a saída de secretários e dirigentes, por si só, "é um sintoma de uma relação incestuosa".

Maria Teresa Kerbauy, cientista política da Unesp de Araraquara, disse que técnicos das secretarias podem assumir as pastas que ficaram vagas, mas que é preciso cuidado para que as novas nomeações não reforcem alianças políticas para futuras coligações eleitorais.

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