Índice geral Ribeirão
Ribeirão
Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Câmara já admite rever o aumento salarial de 40%

Pressionados pelo Movimento Panelaço, parlamentares estudam voltar atrás

Sessão teve bate-boca entre Silvana, que defende revogação do reajuste, e vereadores que querem ao menos 24%

GABRIELA YAMADA
DE RIBEIRÃO PRETO

O presidente da Câmara de Ribeirão Preto, Cícero Gomes da Silva (PMDB), admitiu ontem pela primeira vez que a Casa discute rever o reajuste de 40% nos salários dos vereadores. O Legislativo local vem sofrendo pressão popular desde o fim de março, quando aprovou o aumento.

Se a proposta for levada adiante pelos parlamentares, a atualização será baseada na correção inflacionária dos últimos cinco anos, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo).

O reajuste, então, seria de 24% sobre os atuais R$ 9.288, passando para R$ 11.517.

CONFUSÃO NA CÂMARA

O recuo só veio à tona após a vereadora Silvana Resende (PSDB) ter protocolado na tarde de ontem um projeto de lei que prevê a revogação dos 40% e manutenção do subsídio atual dos 20 vereadores.

A atitude da tucana gerou um bate-boca entre os parlamentares, que já vinham sendo pressionados pelo Movimento Panelaço -grupo criado na cidade para lutar contra a aplicação do aumento.

"A vereadora é uma traidora. Estávamos conversando sobre a redução desde a semana passada e fomos surpreendidos [pela Silvana] hoje [ontem]", disse Cícero.

Além do presidente, outros seis vereadores criticaram publicamente a tucana -Samuel Zanferdini (PMDB), Maurílio Romano (PP), Jorge Parada (PT), José Carlos de Oliveira, o Bebé (PSD), Marcelo Palinkas (PSD) e Walter Gomes (PR). "Eu tenho dignidade e jamais vou trair porque quem trai uma vez, trai sempre", afirmou Bebé durante a sessão de ontem à noite, referindo-se a Silvana.

Ex-repórter da EPTV -mesma emissora onde a tucana foi apresentadora-, Palinkas afirmou que, na política, sempre existe um "lado podre" e que, neste caso, a atitude da Silvana "foi um exemplo disso".

Em resposta às críticas, Silvana também subiu à tribuna da Câmara. "Sempre me posicionei contra o reajuste e em várias reuniões sobre isso deixei claro que não me sentiria à vontade para votar o aumento", afirmou.

Ela afirmou que decidiu apresentar o projeto de lei para seguir a sua "consciência". "Acho feio, estranho e podre falar em acordo político", discursou Silvana, que ganhou o apoio do Panelaço.

Silvana disse ainda estar preparada para sofrer calúnias e represálias na Casa. Gilberto Abreu (PV), que havia assinado o projeto de lei entregue por Silvana, decidiu voltar atrás. Segundo ele, a decisão foi tomada após conversa entre os parlamentares.

Ele deve apresentar, na semana que vem, outro projeto, propondo os 24%.

Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.