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Sapatilha de menino

Bailarino de família humilde que conheceu o dom ao jogar futebol se destaca em festivais de dança e sonha em fazer audição na Escola do Teatro Bolshoi

ELIDA OLIVEIRA
DE RIBEIRÃO PRETO

Em vez de chuteira, sapatilhas. No lugar do campo de futebol e dos gritos de torcida, o palco com a delicadeza da música clássica.

Sonho de menino nem sempre é fazer parte de uma companhia de balé, mas para Tallison do Nascimento Costa, 15, seria fácil trocar a seleção brasileira de futebol por uma companhia de dança internacional, "de preferência na Rússia", disse.

A convicção do adolescente teve que enfrentar preconceitos da família e amigos para encarar a busca por um sonho, o de ser bailarino profissional. A ousadia tem tido seus primeiros resultados.

Ele foi indicado como bailarino revelação no Festival Nacional Dança Ribeirão nos três últimos anos.

O desempenho no ano passado lhe rendeu uma bolsa de estudos na Especial Academia de Ballet, fundada por Aracy de Almeida, primeira-bailarina do Theatro Municipal de São Paulo.

"Queria fazer a temporada de balé russo [naquela escola] e vi que uma das juradas [do Dança Ribeirão, Ana Maria Campos], era professora do Especial. Pedi bolsa, e ganhei", afirmou.

E lá foi Tallison, de mala e sapatilha nas mãos, dançar na capital.

Ele também se destacou naquela temporada. Guivalde de Almeida, diretor-geral da Especial Academia, o convidou a continuar os estudos.

Mas o custo de vida na capital foi um impeditivo, e Tallison voltou para casa.

Agora, ele aguarda a seleção do grupo de dança do qual faz parte para participar do Festival de Dança de Joinville (SC), um dos mais importantes do país.

Se conseguir, vai aproveitar a estadia no município do Sul do país e fazer uma audição para entrar na Escola do Teatro Bolshoi no Brasil, a única do mundo que fica fora da Rússia.

DA BOLA AO BALÉ

Terceiro filho de uma família simples de quatro irmãos, Tallison foi educado pela mãe, que se separou quando ele ainda era pequeno.

Enquanto a mãe trabalhava o dia todo, Tallison ia para a escola e ocupava o contraturno com aulas em projetos sociais. Em um deles, começou jogando futebol, como a maioria dos garotos.

"Odiava. Tentava fugir do jogo ficando no gol. Um dia chutei a bola com tanta força que minha perna foi parar na minha testa. Foi quando percebi minha flexibilidade", afirmou o bailarino.

Aos 10 anos, ele conheceu o projeto social de um estúdio de dança que dava aulas de balé e street dance a estudantes de escolas públicas de Ribeirão Preto.

Hoje, o projeto conta com 80 alunos. Os que mais se destacam ganham bolsa de estudo no estúdio -atualmente, 15 meninos e meninas estão sendo treinados. Mas poderiam ser mais.

"Faltam voluntários para ajudar com alimentação e transporte, porque aula e figurino eu dou", disse Luciana Junqueira, responsável pelo projeto.

CHANCE

O custo por aluno é de aproximadamente R$ 200.

No sábado, dia 12 de maio, véspera do Dia das Mães, Luciana fará outra seleção de crianças e adolescentes para entrar no projeto. Podem se inscrever aqueles que sabem ou não dançar. A seleção será na rua Garibaldi, 777.

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