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Usina propõe 'calote' de R$ 150 milhões

Com dívida de R$ 250 mi, Nova União, de Serrana, vai pedir aos seus credores um abatimento de 60% do valor

Unidade volta a moer, e parceira Shakar, que tem família afegã como maior acionista, ficará com 75% da produção

Silva Junior/Folhapress
Usina Nova União, em Serrana, que promete contratar 2.000 funcionários até junho
Usina Nova União, em Serrana, que promete contratar 2.000 funcionários até junho

DARIO DE NEGREIROS
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE RIBEIRÃO PRETO

A usina Nova União, de Serrana, vai propor a seus credores um abatimento de 60% de sua dívida, o que corresponde a R$ 150 milhões dos cerca de R$ 250 milhões devidos pela empresa.

Desse total, apenas R$ 14 milhões são dívidas trabalhistas, que já estão sendo liquidadas pela Justiça. Os 94% restantes são valores devidos a instituições financeiras e aos fornecedores de cana-de-açúcar e de outros insumos agrícolas.

Em janeiro, a Justiça autorizou o pedido de recuperação judicial feito pela usina que, agora, estabeleceu uma parceria com a Shakar.

A nova parceira, empresa brasileira que tem uma família afegã como acionista majoritária, promete investir R$ 10 milhões no fornecimento de cana à Nova União, o que deve garantir a moagem de ao menos 600 mil toneladas a partir de junho deste ano.

"Nós não faríamos nada sem a recuperação judicial", afirmou Daniel Zenebri, um dos sócios da Shakar. "Qualquer dinheiro que colocássemos na Nova União antes disso, nós perderíamos. O devedor poderia simplesmente tomar para si tudo o que foi produzido", disse.

O compromisso da Shakar é de permanecer por ao menos cinco anos na parceria. Em contrapartida, o acordo garante a ela 75% da produção, restando apenas 25% para que a Nova União possa tentar honrar suas dívidas.

Para Angelo Guerra Netto, da empresa de auditoria Exame, a decisão da Justiça garante a segurança dos investimentos feitos pela Shakar.

"O saldo devedor, mesmo reduzido a 60%, ainda é relevante", afirma Netto. Segundo ele, a Nova União continuará a comprar cana e insumos de seus credores.

'À BEIRA DA FALÊNCIA'

O presidente da usina, Alexandre André Mendonça, também procurou minimizar o abatimento proposto.

"Às vezes, as pessoas olham e falam: 'O cara vai abrir mão de 60%'. Mas, na condição anterior da empresa, o que ele iria receber?", disse. "A empresa estava à beira da falência."

De acordo com Mendonça, até o mês que vem, cerca de 2.000 pessoas devem ser contratadas pela usina, que terá 99% da colheita feita manualmente, com queima do canavial.

NO MÁXIMO

Em condições financeiras e operacionais de utilizar sua capacidade máxima de produção, a usina de Serrana processa aproximadamente 2,5 milhões de toneladas, segundo a direção da empresa.

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