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Motoristas rejeitam passageiros sem troco em Ribeirão Usuários do transporte coletivo da cidade relatam que problema, flagrado pela própria reportagem, é rotineiro Representantes das empresas de ônibus da cidade negam que haja falta de troco no sistema de transporte
DE RIBEIRÃO PRETO O passageiro entrega uma nota de R$ 10 a um motorista de ônibus urbano em Ribeirão Preto e aguarda o troco. A resposta que ele recebe é: "Não tenho troco". Ao ser questionado pelo passageiro o que deveria ser feito, o motorista é taxativo: "desça do ônibus". O cenário, surreal, tem ocorrido na cidade com frequência, segundo usuários do sistema relataram à reportagem. A própria repórter da Folha passou pela situação. Segundo passageiros ouvidos, o problema é rotineiro, principalmente no início da manhã e durante a noite. A passagem em Ribeirão custa menos de R$ 3 -R$ 2,60 o bilhete comum, e R$ 2,80 o integrado. A assessoria de imprensa da Transurb (Associação das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Ribeirão Preto) negou a falta de troco. O Seturp (Sindicato dos Empregados das Empresas de Transporte Urbano de Ribeirão Preto), no entanto, confirmou o problema. 'VAI TER QUE DESCER' A reportagem da Folha passou pela situação na linha do Jardim Irajá. Ao ver a nota de R$ 10, o motorista afirmou não ter troco. "A senhora vai ter que descer", disse à repórter. A faxineira Irani Carlos de Paula, 49, afirma que a situação é pior quando os passageiros chegam com nota de R$ 20. "Aí não tem jeito, o motorista não deixa nem subir." Sem cobradores, os ônibus de Ribeirão têm as catracas próximas aos motoristas. Todos os dias, às 5h45, ela usa o ônibus da linha do Jardim Paiva rumo à avenida Jerônimo Gonçalves, onde pega o Parque Ribeirão para chegar ao trabalho. Às vezes, segundo ela, o motorista para em frente a um supermercado e troca as notas, para garantir o troco. Quando isso acontece, Irani acaba perdendo o ônibus que a leva ao Parque Ribeirão. "O pessoal fica bravo por causa disso", disse. A secretária Paloma Regina Soares, 23, afirmou que já passou por uma situação semelhante na linha do Castelo Branco. Após ser informada sobre a falta de troco para uma nota de R$ 20, ela teve que descer do veículo. "Consegui trocar a nota em um bar, mas tive que esperar 50 minutos para o próximo ônibus", afirmou. Com a falta de notas, os próprios motoristas buscam alternativas para tentar driblar o problema. Na última quinta-feira à tarde, a reportagem flagrou um motorista trocando duas notas de R$ 10 com um homem que vende bilhetes de forma ilegal, no ponto da rua Américo Brasiliense. Minutos antes, outro motorista que não tinha troco orientou uma passageira a comprar o bilhete de um segundo vendedor clandestino. De acordo com Alcides Lopes de Souza Filho, vice-presidente do sindicato dos empregados, as empresas não fornecem troco suficiente aos motoristas. Ele defende que o dinheiro saia de circulação e os passageiros embarquem somente usando os cartões de transporte, que funcionam como os passes na cidade. A medida, segundo ele, evitaria um problema maior: a falta de segurança. Só neste ano, foram 64 assaltos a ônibus segundo a Transurb. Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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