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Motoristas rejeitam passageiros sem troco em Ribeirão

Usuários do transporte coletivo da cidade relatam que problema, flagrado pela própria reportagem, é rotineiro

Representantes das empresas de ônibus da cidade negam que haja falta de troco no sistema de transporte

Silva Junior/Folhapress
Passageiros fazem fila para embarcar em ônibus, na região central de Ribeirão Preto
Passageiros fazem fila para embarcar em ônibus, na região central de Ribeirão Preto

GABRIELA YAMADA
DE RIBEIRÃO PRETO

O passageiro entrega uma nota de R$ 10 a um motorista de ônibus urbano em Ribeirão Preto e aguarda o troco. A resposta que ele recebe é: "Não tenho troco".

Ao ser questionado pelo passageiro o que deveria ser feito, o motorista é taxativo: "desça do ônibus".

O cenário, surreal, tem ocorrido na cidade com frequência, segundo usuários do sistema relataram à reportagem. A própria repórter da Folha passou pela situação.

Segundo passageiros ouvidos, o problema é rotineiro, principalmente no início da manhã e durante a noite.

A passagem em Ribeirão custa menos de R$ 3 -R$ 2,60 o bilhete comum, e R$ 2,80 o integrado. A assessoria de imprensa da Transurb (Associação das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Ribeirão Preto) negou a falta de troco.

O Seturp (Sindicato dos Empregados das Empresas de Transporte Urbano de Ribeirão Preto), no entanto, confirmou o problema.

'VAI TER QUE DESCER'

A reportagem da Folha passou pela situação na linha do Jardim Irajá. Ao ver a nota de R$ 10, o motorista afirmou não ter troco. "A senhora vai ter que descer", disse à repórter.

A faxineira Irani Carlos de Paula, 49, afirma que a situação é pior quando os passageiros chegam com nota de R$ 20. "Aí não tem jeito, o motorista não deixa nem subir."

Sem cobradores, os ônibus de Ribeirão têm as catracas próximas aos motoristas.

Todos os dias, às 5h45, ela usa o ônibus da linha do Jardim Paiva rumo à avenida Jerônimo Gonçalves, onde pega o Parque Ribeirão para chegar ao trabalho.

Às vezes, segundo ela, o motorista para em frente a um supermercado e troca as notas, para garantir o troco.

Quando isso acontece, Irani acaba perdendo o ônibus que a leva ao Parque Ribeirão. "O pessoal fica bravo por causa disso", disse.

A secretária Paloma Regina Soares, 23, afirmou que já passou por uma situação semelhante na linha do Castelo Branco. Após ser informada sobre a falta de troco para uma nota de R$ 20, ela teve que descer do veículo.

"Consegui trocar a nota em um bar, mas tive que esperar 50 minutos para o próximo ônibus", afirmou.

Com a falta de notas, os próprios motoristas buscam alternativas para tentar driblar o problema.

Na última quinta-feira à tarde, a reportagem flagrou um motorista trocando duas notas de R$ 10 com um homem que vende bilhetes de forma ilegal, no ponto da rua Américo Brasiliense.

Minutos antes, outro motorista que não tinha troco orientou uma passageira a comprar o bilhete de um segundo vendedor clandestino.

De acordo com Alcides Lopes de Souza Filho, vice-presidente do sindicato dos empregados, as empresas não fornecem troco suficiente aos motoristas. Ele defende que o dinheiro saia de circulação e os passageiros embarquem somente usando os cartões de transporte, que funcionam como os passes na cidade.

A medida, segundo ele, evitaria um problema maior: a falta de segurança. Só neste ano, foram 64 assaltos a ônibus segundo a Transurb.

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