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Operação vê trabalho degradante na região

Obra da CDHU tinha empregados sem receber salários, sem equipamentos de proteção e em alojamento irregular

Funcionários, todos do Maranhão, foram transferidos para hotel; empresa diz que vai verificar denúncias

Fotos Silva Junior/Folhapress
Funcionários em alojamento em obra em Santa Rosa de Viterbo, alvo de operação ontem
Funcionários em alojamento em obra em Santa Rosa de Viterbo, alvo de operação ontem

JOÃO ALBERTO PEDRINI
ENVIADO ESPECIAL A SANTA ROSA DE VITERBO

Uma megaoperação envolvendo o Ministério Público do Trabalho, o Ministério do Trabalho e Emprego e a PF (Polícia Federal), realizada ontem em Santa Rosa de Viterbo, flagrou situação degradante em uma obra da CDHU, órgão do governo do Estado.

A fiscalização foi feita em um conjunto habitacional com 300 moradias populares, no bairro Nosso Teto, viabilizada por meio de uma parceria entre o Estado e o município, com investimento total de R$ 14 milhões.

Entre as irregularidades verificadas estão falta de fornecimento de EPIs (equipamentos de proteção individual), condições precárias nos alojamentos e refeitório destinados aos trabalhadores, não pagamento, atrasos de salários e ausência de registro em carteira de trabalho.

A denúncia partiu de funcionários que foram demitidos e que não receberam salários e verbas rescisórias. São 16 no total, todos de Santa Helena (MA).

A procuradora Regina Duarte da Silva, do Ministério Público do Trabalho, disse que o órgão vai entrar com ação civil pública para responsabilizar a construtora Lemos Rodrigues e a CDHU.

Ela afirmou ainda que, com base nas informações coletadas, a PF vai apurar se houve crime de "redução do trabalhador à condição análoga à escravidão".

A construtora diz desconhecer problemas na obra e o Estado afirmou que apenas repassa os recursos. A prefeitura, por sua vez, diz que a responsabilidade é da empresa (leia texto nesta página).

O Ministério do Trabalho, que havia lavrado 14 autos de infração na obra em maio, definirá novas autuações entre hoje e amanhã.

Em relação aos trabalhadores demitidos, a procuradora afirmou que a construtora os transferiu para um hotel da cidade e que, em uma reunião hoje, será cobrado o pagamento.

"Num quarto para quatro pessoas ficavam oito. Não havia cozinha para que preparassem a comida fora do horário de refeições. Nos alojamentos faltava limpeza e segurança. Tinha ferramenta de trabalho e até bebida alcoólica juntas, o que representava um grande risco."

ESTRUTURA

A procuradora afirmou ainda que, depois de resolver a situação dos demitidos, o órgão discutirá com a construtora as condições dos alojamentos, para oferecer estrutura para quem seguir trabalhando na obra.

Clenilson dos Santos Ferreira, 22, um dos demitidos, reclamou do local e da alimentação no alojamento.

"Tem goteira quando chove. Se faz muito sol, fica insuportável o calor dentro do quarto. Até comida podre e estragada deram para o pessoal", disse Clenilson.

Ele afirmou que não recebeu salários durante os aproximadamente dois meses em que trabalhou na obra.

A situação foi confirmada pela procuradora depois da operação ontem. "Tem funcionário que trabalhou 60 dias na construção das casas e não recebeu um centavo ainda. Agora, temos que resolver isso", disse.

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