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Pitbull é usado em terapia para deficientes

Outro animal com fama de agressivo, rotweiller também 'visita' pacientes do Cantinho do Céu, em Ribeirão Preto

Aos poucos, animais do tipo ganham espaço de labradores em clínicas e hospitais também da capital de São Paulo

Edson Silva/Folhapress
Paciente brinca com Digit (cão rotweiller) e Romeu (pitbull) na entidade Cantinho do Céu, em Ribeirão Preto
Paciente brinca com Digit (cão rotweiller) e Romeu (pitbull) na entidade Cantinho do Céu, em Ribeirão Preto

JULIANA COISSI
DE RIBEIRÃO PRETO

O pelo negro e o porte atlético dão ao rottweiler Digit um ar de "bad boy" o suficiente para passar a madrugada como cão de guarda em uma obra, espantando ladrões. No canil, Romeu impõe-se como um pitbull de 42 kg de puro músculo.

Apesar dessa fama, uma vez por semana, Digit e Romeu deixam de lado a valentia e se tornam cães terapeutas para crianças e adultos excepcionais no Cantinho do Céu, em Ribeirão Preto (SP).

Estigmatizadas como raças agressivas, o pitbull e o rotttweiler têm ganhado espaço, ainda tímido, entre labradores e outros cães usados em asilos e hospitais.

Em Ribeirão, a visita ocorre todas as sextas. O Cantinho abriga 50 crianças e adultos, a maioria acamados ou cadeirantes com paralisia cerebral.

Digit e Romeu são os principais cães usados na terapia. "Eles são agitados. Mas é só chegar aqui que até parecem outros cães", disse o adestrador Sérgio Cantadeiro, 37.

Comportado sob a guia do adestrador, Romeu balança a cauda a todo momento nos dois dias em que a Folha acompanhou a experiência no Cantinho do Céu.

Ao comando de Cantadeiro, fica de pé para apoiar as patas nas camas e aproximar seu rosto. As reações são diversas: alguns se deixam ser lambidos, como Rafael, 24.

Já Rose, 37, grita alto depois que o pitbull a deixa para brincar com os outros.

Thiago, 20, um dos poucos pacientes que anda e fala, veste a camisa de adestrador e arrisca até dar ordens a Romeu, segurando a guia.

Quem tem mesmo medo confesso é a fundadora do Cantinho do Céu, Sônia Ponciano -um temor, conta, vindo da infância. "Mas as crianças adoram eles. Quando os cães estão aqui, é só paz."

Sônia diz não ter medo de que algum paciente seja mordido. "Ele [o adestrador] tem todos os procedimentos, não deixa os cães sozinhos".

CÃO HOMENAGEADO

Em São Paulo, Taz é um pitbull hoje aposentado, com seus 20 anos. Em seis deles, porém, foi cão terapeuta em clínicas e hospitais.

A atividade rendeu a Taz, em 2009, uma homenagem na Assembleia Legislativa de São Paulo pelos serviços prestados -uma tentativa de desmistificar a fama de violento.

A escolha de um cão terapeuta depende mais do temperamento do que da raça em si, segundo Valéria Oliva, coordenadora de um grupo de terapia assistida por animais na Unesp de Araçatuba.

Segundo a docente, a seleção tem de ser rígida. "Deve ser um cão capaz de ser puxado com força, ou mordido, ou ter muita gente por perto e ainda assim não reagir."

Para ela, um possível limite do pitbull e do rottweiller pode partir do paciente.

FOLHA.com

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