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Em leilão, Portinari é vendido por US$ 1 mi

Valor, obtido em uma disputa em Nova York, é o maior já alcançado por uma obra do artista, natural de Brodowski

Pintor se inspirava em temáticas do cotidiano, mas mostrava em suas obras preocupação com a realidade social

DE RIBEIRÃO PRETO

Uma paleta de tintas que, misturadas, cobrem o fundo branco, a pintura de um navio, negros ao redor e, seis décadas depois, a tela "Navio Negreiro" (1950), de Candido Portinari (1903-62), é vendida ao preço recorde de US$ 1,142 milhão em leilão em Nova York.

Natural de Brodowski, na região de Ribeirão Preto, Portinari se inspirava em temáticas do cotidiano -como meninos soltando pipas ou espantalhos em lavoura-, mas sem deixar de lado a realidade social.

São os casos, por exemplo, das telas em que retratou trabalhadores nos cafezais ou nas lavouras de cana-de-açúcar, cenários recorrentes da região em que cresceu.

Portinari ganhou ainda mais destaque com a recente turnê dos painéis "Guerra" e "Paz" (1952), que, depois de serem retirados da sede da ONU (Organização das Nações Unidas) em Nova York e restaurados, estão em exposição em São Paulo.

"Ele usou a sua arte como forma de protesto e crítica", diz Candida Sodré, representante no Brasil da casa de leilões Christie's, de Nova York.

Para ela, "Navio Negreiro" reconstrói a presença africana na era colonial, relembrando a origem dos negros das fazendas. Ela descreve o quadro como a representação de "escravos [que] ocupam o convés iluminados pelo sol".

"Suas formas anônimas diminuídas pela imensidade do navio e de suas velas amplificam a exploração e a injustiça da cena", afirmou.

PIONEIRO

Tido como o primeiro artista brasileiro a ter a obra projetada no cenário mundial, Portinari é considerado um dos grandes artistas atuais.

Outras obras de Candido Portinari já haviam sido leiloadas antes pela Christie's, atingindo valores elevados.

Em novembro de 2005, por exemplo, a tela "Balanço" (1959) foi comercializada por US$ 940 mil, enquanto o trabalho "Tocador de Trombeta" (1958) atingiu a cifra de US$ 721,6 mil.

De acordo com Sodré, as obras são avaliadas conforme a originalidade do artista, a qualidade, a raridade, a origem do quadro e o estado de conservação.

"Já ter participado de exposições também ajuda a elevar o preço", afirma a representante na Christie's.

(ELIDA OLIVEIRA)

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