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HC tem mil obesos na fila para cirurgia

Hospital de Ribeirão Preto consegue operar 80 pacientes por ano, mas pelo menos cem se inscrevem no período

São duas operações semanais, mas quase não há cirurgias há 9 meses por causa da greve dos anestesistas

JULIANA COISSI
DE RIBEIRÃO PRETO

O trabalhador rural Aparecido Genizelli, 50, já não tem mais a disposição de antes para cuidar de suas laranjas em Ibitinga. Além da idade e de problemas cardíacos, o inimigo é o peso: 192 kg.

Genizelli é um dos cerca de mil obesos na fila de espera por cirurgia bariátrica -de redução de estômago- no HC (Hospital das Clínicas) de Ribeirão Preto.

Com estrutura física e equipe limitadas, o HC enfrenta uma conta que não fecha.

A cada ano, cem novos obesos inscrevem-se em busca da cirurgia, mas o hospital realiza no máximo 80 procedimentos por ano.

O HC é o único hospital da região que realiza a cirurgia gratuitamente, via SUS.

Outro agravante é que dificilmente o hospital conseguirá atingir neste ano a média de 80 cirurgias.

Pelo espaço físico limitado do centro cirúrgico do hospital, a equipe consegue executar duas operações por semana.

O problema acentuou-se com a greve dos anestesistas no ano passado - a paralisação atingiu todos os tipos de cirurgias.

Com poucos anestesistas, passam na frente cirurgias prioritárias, como as de câncer ou de infecções agudas.

Segundo o diretor-técnico do Centro de Cirurgia Bariátrica do HC, Reginaldo Ceneviva, há nove meses quase não se faz cirurgias do gênero no hospital. A previsão é de voltar à média de duas por semana até agosto.

"Não existe capacidade de atendimento para a demanda. Hoje a obesidade no país tem caráter de epidemia", afirmou Ceneviva.

Para a equipe do HC, é praticamente impossível garantir que todos sejam operados. "Nem que o HC se transformasse só em hospital para cirurgia bariátrica atenderia a demanda", disse o nutrólogo José Ernesto dos Santos.

Na região de Ribeirão, em um universo de 2 milhões de habitantes, 60 mil já são consideradas obesos mórbidos, segundo estimativa do HC.

O serviço começou no hospital em 2000, de modo tímido -cinco cirurgias por ano. Desde então, a fila de interessados só cresce.

O trabalhador rural Genizelli, por exemplo, inscreveu-se há dois anos na fila para passar pela operação, depois de sofrer dois infartos.

Ele faz tratamento cardíaco no HC, mas não sabe quando ocorrerá a sua cirurgia para reduzir o estômago.

"Precisava ser mais rápido, porque a pessoa pode morrer sem ser chamada", disse.

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