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Memória ameaçada

Monumentos em locais públicos e imóveis que contam parte da história de Ribeirão Preto sofrem com furtos, sujeira e a falta de reparos

DE RIBEIRÃO PRETO

Sujeira, falta de reparos e ações de vandalismo colocam em risco a história de Ribeirão Preto contada por meio dos monumentos e patrimônios em locais públicos.

Após quatro anos de sua catalogação, feita em 2008, os 129 monumentos listados pela Secretaria da Cultura e outros patrimônios, como casarões, ainda carecem de cuidados no município.

São resquícios de momentos que cooperaram com o desenvolvimento da cidade, que sustentou famílias e gerou riquezas, como a antiga Fazenda Baixadão, que dará lugar ao parque ambiental Rubem Cione, na zona oeste.

Marco da época cafeeira, o local ficou abandonado e virou abrigo até de usuários de drogas e álcool. Um incêndio num final de semana ainda destruiu um galpão existente no local, há dois anos.

"Os casarões, no geral, estão sendo apagados. Muitos deles foram perdidos para dar lugar a empreendimentos comerciais", afirmou Claudio Bauso, conselheiro do Conppac (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Artístico e Cultural de Ribeirão Preto).

"Como alguns casarões foram abandonados, a cidade sofreu um processo de deterioração ao longo de, pelo menos, 40 anos", disse.

O Solar Villa Lobos, casarão histórico da avenida Caramuru construído em 1890, é outro exemplo.

"Há afrescos pintados nas paredes internas, do artista italiano Rosalbino Santoro. O ideal seria que o espaço fosse reformado e ocupado", afirmou a historiadora Daniela Castro Menezes.

Na última semana, Walter Fragoni, diretor técnico do Condephaat, esteve no casarão para uma avaliação técnica. Até o final do ano, de acordo com a secretária da Cultura, Adriana Silva, o órgão deverá reformar o telhado do imóvel.

A intenção é que se faça uma proteção emergencial. Já o município deverá catalogar todos os escombros, para que não sejam perdidos, segundo a secretária.

FURTOS E DEPREDAÇÃO

Durante décadas os bens históricos de Ribeirão ficaram esquecidos - e muitos deles foram furtados.

É o caso de parte da bengala da estátua de Antônio Diederichsen (1875-1955) -responsável por construir imóveis de destaque na cidade, como o edifício que leva seu nome, no centro de Ribeirão.

A estátua está instalada em frente à entrada principal da Santa Casa. A bengala, que ficava na mão direita de Diederichsen, sumiu há pelo menos quatro anos e não houve restauro. Ninguém soube o que aconteceu com a bengala do monumento.

Já na praça 15 de Novembro, o busto do historiador, jurista e professor Rubem Cione (1918-2007) também sofreu a ação de vândalos e seus óculos foram furtados.

Em ambos os casos, os furtos constam de documentação da Secretaria da Cultura.

Na praça Carlos Gomes, pastilhas de vidro que decoram o chão e que contam um pouco da história do município, em espécies de "mini-quadros" feitos em 2005, também estão em processo de deterioração -muitas delas já se perderam.

São obras feitas por iniciativa do Proyecto Cultural Sur, que promove o intercâmbio cultural entre 16 países e remontam locais históricos, como a agência dos Correios no centro e o Hospital Beneficência Portuguesa.

A falta de conservação também pode ser constatada em monumentos localizados em outros pontos da cidade, como o Canhão Naval Antiaéreo, doado pela Associação dos Ex-Combatentes da 2ª Guerra Mundial.

A própria secretaria aponta que o canhão está em "péssimas condições de conservação", com avançado estado de oxidação.

REVITALIZAÇÃO

Bauso, do Conppac, é otimista quanto ao futuro dos patrimônios e monumentos, principalmente aqueles localizados na área central.

Segundo ele, o projeto de revitalização do centro, cujas obras já foram iniciadas, pode proteger o que ainda está em pé. "Ainda assim, é preciso que os patrimônios sejam reformados e, principalmente, ocupados. Somente com a ocupação é que eles serão, de fato, preservados."

(GABRIELA YAMADA)

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