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Bebedouro lidera violência infantil na região

Em casos para cada grupo de 100 mil habitantes, cidade atinge taxa de 348,1, maior do que em Ribeirão, com 83,8

Para especialista, o diferencial de Bebedouro pode estar na qualidade das notificações durante o atendimento

ARARIPE CASTILHO
DE RIBEIRÃO PRETO

Bebedouro, com 75 mil habitantes, é a cidade da região com a maior taxa de violência física contra crianças e adolescentes, segundo estudo nacional baseado em dados do Ministério da Saúde.

Com 348,1 casos para cada grupo de 100 mil habitantes, o município supera Ribeirão Preto, que tem população sete vezes maior. No ranking nacional, Bebedouro é a 7ª com maior taxa de violência física e, no Estado, a 3ª.

O Mapa da Violência 2012 - Crianças e Adolescentes considerou os atendimentos no SUS (Sistema Único de Saúde) e foi divulgado ontem pelo Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos e da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais.

A taxa por 100 mil pessoas é um recurso estatístico usado para comparar cidades de portes diferentes, segundo os responsáveis pela pesquisa.

Em números absolutos, de acordo com o mapa, foram registrados 148 casos de violência física contra crianças e adolescentes em Bebedouro, que tem 21,3 mil habitantes com até 19 anos.

No caso de Ribeirão Preto, foram 276 casos, mas a população nessa faixa etária é de 164,7 mil, segundo o Censo 2010 do IBGE -daí a diferença na proporção.

Para a presidente do Conselho Tutelar de Bebedouro, Jaqueline Cristina de Souza Marques, os dados do Mapa da Violência chamam a atenção para outro problema, os casos que ficam impunes devido à falta de denúncia.

Ela se disse surpresa com a constatação do estudo porque o número de queixas que chega ao conselho é, em geral, menor. No mês de junho, por exemplo, das 102 denúncias registradas, apenas três foram de violência física. "Se a pessoa é atendida no hospital, mas a denúncia não chega ao conselho, a violência acaba ficando impune."

Marina Bazon, especialista em vitimização doméstica de crianças e adolescentes e professora da USP Ribeirão, disse não acreditar que Bebedouro tenha "alguma particularidade" que justifique a taxa maior de violência.

"Esse mal existe em todos os lugares e de forma muito mais intensa até que se possa verificar oficialmente."

'SENSIBILIDADE MAIOR'

Para a especialista, o diferencial de Bebedouro pode estar na qualidade das notificações feitas durante o atendimento das vítimas nas unidades de saúde.

"Em geral, profissionais de saúde são mais sensíveis para identificar casos de violência. Acredito que pode haver um atendimento mais eficiente nesse sentido em Bebedouro. Só isso. Não existe nada na água da cidade ou no ar que faça com que as pessoas batam mais nas crianças."

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