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Com crise, país perde 30 usinas de cana-de-açúcar desde o ano passado

Segundo a Unica, representante do setor, 37 empresas estão com pedido de recuperação judicial

Usinas que estão paradas poderiam moer 32 milhões de toneladas de cana; hoje há falta de etanol no mercado

Silva Junior/Folhapress
Vista geral da usina Galo Bravo, a última de Ribeirão Preto, que teve suas atividades paralisadas após sofrer falência
Vista geral da usina Galo Bravo, a última de Ribeirão Preto, que teve suas atividades paralisadas após sofrer falência

ARARIPE CASTILHO
DE RIBEIRÃO PRETO

Desde 2008, quando começou a crise financeira mundial, 41 usinas de açúcar e álcool já deixaram de moer cana no Brasil. Somente em 2011 e 2012 foram 30 unidades paralisadas -16 no ano passado e mais 14 até junho.

Segundo a Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), que apresentou os números em evento ontem, em Sertãozinho, há ainda um grupo de 37 usinas que estão com pedido de recuperação judicial devido a dificuldades financeiras. Nove já faliram.

As usinas desativadas, diz a Unica, têm uma capacidade de moagem de cerca de 32 milhões de toneladas, ou 5% do potencial brasileiro.

Essa queda no poder de moagem não representa impacto para o setor porque a cana é processada por outras empresas, diz o representante da Unica Sérgio Prado.

Apesar disso, a produção de etanol não tem sido suficiente para o mercado -o que tem tornado o produto desinteressante para o consumidor. Com previsão de 550 milhões toneladas de cana para a safra atual, o país tem capacidade para moer 640 milhões.

De acordo com Prado, a crise econômica é diretamente responsável pelas paralisações. Houve problemas financeiros nas empresas, mas a queda na produção de cana é o principal entrave, disse Prado. "Não tem produto para moer, a usina para."

A falta de cana no mercado também tem suas raízes na crise de 2008, na avaliação do presidente interino da Unica, Antonio de Padua Rodrigues, já que, sem dinheiro, os produtores deixaram de investir nos canaviais.

13 MIL VAGAS A MENOS

O setor estima que as 41 unidades paradas ao longo dos últimos anos representam a extinção de 13 mil empregos diretos e outros 32 mil indiretos na área industrial.

Essa queda nos empregos e seus impactos na atividade econômica das cidades onde as usinas estão instaladas levaram o prefeito de Sertãozinho, Nério Costa (PPS), a organizar o encontro entre prefeitos e lideranças do setor, ocorrido ontem. Do evento, propostas para retomar os investimentos serão levadas ao governo federal.

Marcos Fava Neves, professor de planejamento e estratégia da USP, defende que, para incentivar o setor, será preciso reduzir impostos, elevar a 25% o etanol na gasolina e criar leilões públicos para energia gerada da cana.

O setor admite, porém, que não haveria já neste ano etanol suficiente no país para atender à demanda dos 25% na gasolina. Teria de importar, o que não agrada o governo federal.

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