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Aos 86, morre o delegado Renato Soares

Envolvido em prisão de madre, Soares chegou a ser excomungado pela Igreja Católica, decisão revista em 1975

Ex-policial sofreu infarto em sua casa; à Folha ele negou ter torturado madre Maurina em 1969

DE RIBEIRÃO PRETO

O delegado aposentado Renato Ribeiro Soares morreu anteontem, aos 86 anos, em Ribeirão Preto, cidade em que morava e onde atuou profissionalmente entre as décadas de 1960 e 1980.

Soares ficou conhecido por suas ações durante a ditadura militar (1964-85).

Um dos fatos de maior repercussão -inclusive nacionalmente- foi quando Soares chegou a ser excomungado devido à prisão em 1969 de madre Maurina Borges da Silveira, outra personagem simbólica na história de Ribeirão Preto.

Soares e outro delegado - Miguel Lamano- foram excomungados pelo dom Felício César da Cunha Vasconcellos, que foi arcebispo de Ribeirão entre 1965 e 1972.

O caso envolvendo a tortura sofrida por madre Maurina na prisão inspirou religiosos como dom Paulo Evaristo Arns a se engajar na luta social.

Madre Maurina morreu no ano passado em Araraquara, aos 87 anos, por falência múltipla dos órgãos.

A punição religiosa a Soares, no entanto, não o acompanhou por toda a vida, já que a Igreja Católica o absolveu da excomunhão em 1975.

Doze anos mais tarde, ele se aposentaria da carreira policial. O ex-delegado trabalhou em Ribeirão Preto até 1983, quando pediu transferência para São Paulo, onde ficou até a aposentadoria.

No ano passado, o delegado aposentado afirmou à Folha que não houve violência contra madre Maurina e presos políticos.

"Nunca torturei ninguém. E jamais torturaria uma freira", afirmou.

Especificamente sobre o caso da religiosa, o delegado aposentado disse que sempre a tratou bem.

"Nunca pus a mão na madre, sempre a tratei com o maior respeito", disse, em sua última entrevista ao jornal, em março de 2011.

INFARTO

Soares estava doente -sofria com uma metástase óssea na região da coluna-, mas morreu vítima de um infarto às 9h do sábado, segundo a sua mulher, Neusa Salim Soares, 80.

Após ter sido velado em Ribeirão Preto, o corpo de Soares foi encaminhado para o crematório de Jaboticabal, de acordo com a família."[Ser cremado] Era a vontade dele", disse Neusa.

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