Com repasse recorde, Coderp tem prejuízos

Edson Silva/Folhapress

Fachada da Coderp, no centro de Ribeirão Preto, que teve crescimento nos repasses

Comandada pelo PMDB, a Coderp (Companhia de Desenvolvimento Econômico de Ribeirão Preto) viu os repasses da Prefeitura de Ribeirão crescerem substancialmente no governo da prefeita Dárcy Vera (PSD). Ao mesmo tempo, a companhia acumula prejuízos nos últimos anos.

Segundo relatório de pagamentos feitos pela prefeitura, os repasses mais do que triplicaram de 2008, último ano do ex-prefeito Welson Gasparini (PSDB), a 2011 -foram de R$ 17,7 milhões para R$ 56,3 milhões.

Neste ano, até julho, a prefeitura já pagou à Coderp R$ 45,8 milhões -se o ritmo for mantido, 2012 deve fechar na casa dos R$ 80 milhões.

Enquanto o dinheiro canalizado pela prefeitura cresceu a cada ano, balanços contábeis da Coderp revelam que os lucros seguiram o oposto.

Em 2008 e 2009, a empresa fechou com lucro líquido de R$ 1,8 milhão e R$ 1,5 milhão, respectivamente.

A partir de 2010, os balancetes mostram fechamentos negativos, sendo que em 2011 o prejuízo líquido foi de cerca de R$ 7,5 milhões. Empresa de economia mista, a Coderp tem a prefeitura como acionista absoluta e, ainda, como principal cliente.

O argumento do governo para o aumento crescente dos repasses é que a Coderp ampliou a produção de tecnologia.

No entanto temas sem ligação direta com tecnologia foram vinculados à empresa.

Contratações de serviços do bosque, por exemplo, como instalação de cerca elétrica e de sistema fechado de TV, podem ser achadas no "Diário Oficial" sob responsabilidade da Coderp. O bosque tem gestão vinculada à Secretaria do Meio Ambiente.

Em 2011, uma licitação de R$ 1,3 milhão para construir recinto para uma elefanta no bosque também chegou a ser publicada pela Coderp, mas foi cancelada após críticas.

VIROU ALVO

O crescente envio de dinheiro à Coderp fez a empresa se tornar alvo. A vereadora Silvana Resende (PSDB) apresentou requerimento para instalar uma CEE (Comissão Especial de Estudos) para "analisar as ações administrativas" na Coderp. A proposta foi rejeitada ontem.

Silvana diz que desde 2009 pede informações sobre contratos da Coderp e que as respostas nunca são completas.

No debate dos candidatos a prefeito, Emilson Roveri (PSOL) criticou a falta de transparência. Duarte Nogueira (PSDB) chamou o órgão de "cabidaço de emprego". Uma queixa é que, em vez de abrir concurso, a prefeitura emprega, via Coderp, funcionários terceirizados para serviços diversos em órgãos do governo.

Presidente do Sindicato dos Servidores, Wagner Rodrigues diz que um estudo sobre terceirizados está em andamento. Sem conclusão, é impossível saber se há irregularidade, diz Rodrigues, cujo partido, o PC do B, trocou a oposição pelo apoio a Dárcy.