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Periferia de Ribeirão registra mais doenças que o centro

Dengue e pneumonia são mais comuns nessas áreas, diz estudo da Unesp

Alta densidade demográfica, falta de rede de esgoto e despejo inadequado de lixo são algumas das causas

Edson Silva/Folhapress
Moradores do bairro Valentina Figueiredo, em área com queimada
Moradores do bairro Valentina Figueiredo, em área com queimada

JOÃO ALBERTO PEDRINI
DE RIBEIRÃO PRETO

Dengue, pneumonia e DPOC (sigla para doença pulmonar obstrutiva crônica) são doenças com maior incidência na periferia de Ribeirão Preto do que em bairros da região central.

A conclusão é de uma tese de doutorado defendida e aprovada neste mês na Unesp de Presidente Prudente pela geógrafa Natacha Cíntia Aleixo. A pesquisa relaciona os bairros onde as doenças foram registradas com as mudanças climáticas ao longo dos anos nessas localidades.

A pesquisadora também avaliou qual a contribuição do homem no agravamento e no aumento dos casos.

O levantamento foi feito com base nos dados da Secretaria Municipal de Saúde.

"A pesquisa pode servir de base para medidas a serem tomadas no futuro", diz.

O estudo verificou que, de 1998 a 2008, foram registrados 15.686 casos de dengue em Ribeirão. Boa parte das ocorrências se deram na região sudoeste -como no Parque Ribeirão Preto, Jardim Maria Goretti e Jardim Bela Vista- e nos bairros Campos Elíseos e Vila Mariana.

Alta densidade demográfica, falta de rede de esgoto, alta ocorrência de despejo inadequado de lixo, maiores índices de adultos não alfabetizados e com renda de até três salários são alguns dos fatores que contribuem para essa maior incidência.

"Em alguns bairros, por exemplo, não há o devido cuidado com a prevenção para evitar criadouros do mosquito [aedes aegypti, transmissor da dengue]. Falta conscientização", afirmou.

Segundo ela, há relação direta entre os problemas nos bairros e o agravamento de doenças respiratórias, já que interferências no clima -queimadas, por exemplo- pioram os quadros de pneumonia e DPOC, que tiveram 9.809 e 2.902 registros, respectivamente, entre os anos de 2002 e 2007.

"Se um morador joga lixo num terreno, e o outro vai lá e põe fogo, há maior concentração de calor e poluição. Para quem tem DPOC e pneumonia, é um grande problema. As queimadas na zona rural também são uma irresponsabilidade", diz.

Segundo a pesquisadora, essas variações do clima interferem diretamente nas doenças respiratórias.

FRIO OU CALOR

"Agrava [as doenças] quando é muito frio ou muito calor. Essa elevação da temperatura causada pelo homem é prejudicial."

De acordo com a pesquisa, aumentou em 19% o número de dias quentes (com temperaturas acima de 30ºC) nos últimos 30 anos, passando de 138 dias (média de cada ano) nas décadas de 1980 e 1990 para 165 dias no período 2000-2008. Já a quantidade de dias frios (menos de 15ºC), diminuiu 20%: de 112 dias nas décadas de 1980 e19 90 para 89 dias de 2000 a 2008.

O estudo avaliou também a ocorrência de leptospirose, mas as análises aprofundadas foram desconsideradas em razão do baixo número de casos da doença.

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