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Advogado leva muleta com seis celulares para preso

Ex-presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB foi flagrado no fórum

Roberto Fiore disse que não sabia o que havia no objeto; para a polícia, celulares iriam para presos do PCC

JULIANA COISSI
DE RIBEIRÃO PRETO

Ex-presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB de Araraquara (SP), o advogado Roberto José Nassutti Fiore foi preso em flagrante ao levar uma muleta, com seis celulares dentro, a um preso no fórum da cidade.

Os celulares, além de cinco carregadores e chips, estavam escondidos na base de uma muleta que parecia ser de madeira, mas que era, na verdade, um cano de ferro oco, revestido de madeira.

A suspeita da polícia é que os aparelhos seriam entregues a integrantes da facção criminosa PCC na penitenciária local.

Newton Senaseschi, o dono da muleta, está preso por agressão a uma mulher e estava no fórum para uma audiência. Para a polícia, Senaseschi, que passou recentemente por uma cirurgia no pé, seria a "mula" que levaria os celulares aos presos.

O advogado Fiore, ainda segundo a polícia, chegou ao fórum com a muleta e pediu a um funcionário que a entregasse ao detento. O funcionário se negou, mas o acompanhou até os policiais da escolta. Fiore deixou a muleta com um dos policiais.

O PM, porém, desconfiou do peso e, ao desencaixar a tampa da base, achou os celulares. Segundo o delegado Elton Hugo Negrini, a base da muleta levada pelo advogado tinha quase o dobro do tamanho da de uma normal.

O advogado ainda estava no fórum quando foi preso em flagrante. A Justiça, porém, concedeu parcialmente habeas corpus e ele cumpre prisão domiciliar.

Fiore se disse inocente e afirma que uma mulher que se apresentou como mãe de Senaseschi pediu que ele entregasse a muleta ao filho, que nem seria seu cliente.

Desde 2011, a polícia mantém um inquérito para apurar a entrada de celulares no presídio. Há um mês, a direção achou uma carta que levantou suspeita: advogados intermediariam a entrada.

A carta cita a "sintonia da gravata" e que o transporte de cada um custaria R$ 8.000.

"É o pessoal lá dentro fazendo sintonia, quer dizer, ligação, com os gravatas [advogados]", disse o delegado.

O preso e o advogado devem responder por formação de quadrilha e Fiore, por introduzir celular em presídio.

Presidente em exercício da OAB de São Paulo, Marcos da Costa disse que a entidade ainda não foi oficialmente comunicada e que o caso será apurado. Afirmou ainda que um conselheiro estadual esteve em Araraquara conversando com Fiore e que ele contou que apenas fez uma gentileza para a mulher.

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