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Muleta falsa estava no carro de advogado, afirma polícia

Seis celulares estavam escondidos em objeto apreendido em Araraquara

Segundo delegado, testemunhas apontam que Fiore foi ao presídio para 'arquitetar' o transporte do celular

JULIANA COISSI
DE RIBEIRÃO PRETO

O advogado Roberto José Fiore trouxe em seu próprio carro a muleta recheada com seis celulares que ele tentou passar a um preso em audiência no Fórum de Araraquara, na segunda-feira.

A afirmação é da Polícia Civil de Araraquara, com base, segundo a corporação, no depoimento de duas testemunhas ouvidas em sigilo.

Preso em flagrante, o advogado nega que a muleta estivesse em seu carro.

Quando chegou ao Fórum para uma audiência, na segunda, com o pé enfaixado, o preso Newton Senaseschi comentou com policiais que sua muleta estava quebrada.

Segundo o delegado Fernando Teixeira Bravo, as testemunhas disseram ter visto Fiore chamando até seu carro a mãe de Senaseschi.

Para Bravo, o plano inicial do advogado era que a mãe do preso entrasse com as muletas falsas no Fórum.

"Temos comprovação que ele chegou com a muleta. A mãe foi chamada por ele até o carro para ela entrar com as muletas. Mas, como foi impedida logo na entrada do Fórum, ele pegou as muletas e tentou entregar para o preso", disse Bravo.

Fiore já foi presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB local e, em 2006, denunciou maus-tratos após rebelião no presídio.

À Folha o advogado, que permanecia ontem em prisão domiciliar, se disse inocente.

As duas testemunhas afirmaram também, segundo o delegado, que Fiore se envolveu no plano para o transporte de celular, durante uma visita dele à penitenciária na última sexta-feira.

"Ele arquitetou com outro preso, na penitenciária, para entrar esses celulares lá. O rapaz com a perna quebrada estaria ameaçado de morte [por colegas no presídio] para fazer entrar esses celulares", afirmou o delegado.

CRIME ORGANIZADO

A suspeita é que clientes de Fiore são ligados à facção criminosa PCC e que o advogado teria papel nas ações do grupo -o que Fiore nega.

No ano passado, a Polícia Civil abriu inquérito para investigar a abrangência do PCC na cidade. No fim do ano, prendeu em flagrante cerca de 20 pessoas.

Ao longo das investigações, enumerou 89 possíveis envolvidos com a facção -presos, em sua maioria.

A polícia não tinha provas da ligação de advogados com a facção até o mês passado, quando uma carta foi apreendida no presídio.

A carta citava a sintonia "dos gravatas", que seria uma referência a advogados participantes do esquema.

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