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Seca e sol forte afetam colheita de frutas

Estiagem, que completa 50 dias, faz a região, forte produtora de laranja, goiaba e manga, ter perdas em pomares

Situação climática agrava ainda mais a crise vivida pelos produtores com a supersafra citrícola

Edson Silva/Folhapress
O administrador de fazenda Roberto Caetano mostra goiabas 'cozidas' pelo sol forte em propriedade de Taquaritinga
O administrador de fazenda Roberto Caetano mostra goiabas 'cozidas' pelo sol forte em propriedade de Taquaritinga

JULIANA COISSI
DE RIBEIRÃO PRETO

A seca associada ao sol forte tem afetado a colheita de frutas como laranja, goiaba e manga no interior paulista.

Já não chove há 50 dias em Araraquara, cujas cidades do entorno formam a maior região produtora de laranja e goiaba do Estado.

Com a seca, a laranja murcha rapidamente e perde o rendimento. Quem fica prejudicado é o produtor, já que a laranja é vendida por peso para a indústria, segundo Marco Antonio dos Santos, presidente da Câmara Setorial de Citricultura do Ministério da Agricultura e do Sindicato Rural de Taquaritinga.

Para encher uma caixa de 40,8 kg, são necessárias até 250 laranjas, diz o produtor Walter Valério Neto, de Taquaritinga. Com a seca, a fruta perde volume, e é preciso 300 laranjas ou mais para atingir o mesmo peso.

"Acaba juntando tudo. Essa seca, que está pior do que a do ano passado, esse preço ruim e as indústrias, que não estão comprando fruta."

O produtor refere-se a uma crise recente vivida pelo setor devido à supersafra provocada pela queda no consumo, a crise global e os altos estoques nas indústrias.

Como a Folha publicou em junho, a previsão da CitrusBR, entidade que reúne as indústrias Citrosuco/Citrovita, Cutrale e Louis Dreyfus, apontava sobra de 83 milhões de caixas da fruta neste ano.

A crise já levou produtores da região a distribuir laranjas e suco em protesto -em uma das manifestações, jogaram fora parte do líquido, simbolicamente.

Santos calcula que, em geral, a seca tem feito com que produtores coloquem até 10% a mais de laranjas nas caixas para atingir o peso. É a pior estiagem desde 2009 para a colheita, segundo ele.

SOL FORTE

Quando não é a seca excessiva, é o calor forte dos meses de agosto e setembro que tem prejudicado frutas mais delicadas, como a goiaba.

Para os produtores que recorrem à irrigação, a seca poderia não interferir em nada, porque já há fruta para colher neste segundo semestre.

Porém, as goiabas no pé estão amadurecendo mais cedo com o sol forte.

"O sol forte desses dias meio que 'cozinha' as goiabas que já estão graúdas", afirmou Santos.

Também outras frutas cultivadas na região de Ribeirão sofrem com essa exposição solar, como manga, limão e tangerina.

Já quem depende da chuva para a irrigação dos pomares está com frutas ainda brotando. E a seca e o sol forte também as castigam.

Milton Arruda de Paula Eduardo, 70, cultiva goiaba há 40 anos. Tem 5.000 pés plantados em Taquaritinga. "A estiagem está sendo muito longa. Ainda não está aflorando como deveria", afirmou o produtor.

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