Apesar de dívida de R$ 3.300, Dárcy não tem água de sua casa cortada

	Edson Silva/Folhapress
	Fachada da casa da prefeita Dárcy Vera, no bairro nobre de Ribeirânia, onde ela mora

A prefeita de Ribeirão Preto, Dárcy Vera (PSD), candidata à reeleição, não pagava a conta de água e esgoto da própria casa, no bairro Ribeirânia, desde julho -e o serviço não foi interrompido.

O débito total chegou a R$ 3.303,08, incluindo três parcelas de uma outra dívida, de R$ 2.044,81, fracionada em 20 vezes de R$ 102,24 em renegociação com o Daerp (autarquia de água e esgoto).

Somente após ser questionada pela Folha, Dárcy afirmou, por e-mail de sua assessoria enviado ontem às 18h07, que as contas estavam pagas. Mesmo questionada pela reportagem, a assessoria não respondeu quando isso ocorreu.

Porém, no sistema do Daerp -acessado pela internet-, ainda constavam os débitos às 19h06 de ontem.

Por lei municipal, se constatada a falta de pagamento após o prazo de 30 dias do vencimento da conta, o fornecimento pode ser cortado.

O consumo realizado por Dárcy em junho, por exemplo, venceu em 6 de julho, ou seja, há mais de 60 dias.

A Folha apurou com funcionários do Daerp que, pelo menos desde maio, quando foi feito o parcelamento dos R$ 2.044,81 anteriores, nunca houve corte do fornecimento na casa, localizada em bairro nobre da cidade.

CORTES DIÁRIOS

Os cortes do fornecimento de água são feitos por empresa terceirizada de segunda a quinta-feira. A cada dia, um grupo de 15 funcionários sai às ruas com até 30 notas para cortar a água de pessoas em débito com o Daerp.

Dárcy adquiriu a casa em abril de 2010 -segundo registro do imóvel em cartório, ao qual a Folha teve acesso- e recebe o salário de prefeito que é de R$ 17,3 mil, valor cinco vezes maior do que a dívida que constava no Daerp pelo menos até ontem.

A residência da prefeita no bairro de Ribeirânia tem 535,58 metros quadrados de área construída.

Além do valor referente ao consumo mensal de água e esgoto da casa de Dárcy, a cada conta é acrescida a parcela referente à dívida.

A reportagem questionou a assessoria da prefeita e o Daerp de que meses ou anos são as pendências renegociadas. Não houve respostas.

Em março de 2009, o então superintendente do Daerp, Luiz Joaquim Oliveira Antunes, se afastou do cargo após ser acusado de ser dono de uma empresa que devia ao Daerp R$ 54 mil, referentes a contas não pagas de 2004.