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Com falta de médicos, Hospital de Câncer deixa de atender 450 ao dia

Só em Barretos, são 300 pacientes a menos diariamente devido ao deficit de 38 oncologistas

Instituição é referência nacional no combate à doença, que precisa de diagnóstico rápido para ter tratamento eficaz

ANA PAULA SOUSA
DE RIBEIRÃO PRETO
Silva Junior/Folhapress
Pacientes aguardam por atendimento no Hospital de Câncer de Barretos, que atualmente tem deficit de especialistas
Pacientes aguardam por atendimento no Hospital de Câncer de Barretos, que atualmente tem deficit de especialistas

Referência no país e no exterior, o Hospital de Câncer de Barretos está deixando de atender diariamente 300 pessoas. O motivo é falta de mão de obra especializada: a instituição está com um deficit de 38 oncologistas.
O problema afeta também outra unidade. Na filial do hospital em Jales, no interior paulista, são 150 atendimentos diários a menos.
Maior instituição da área oncológica no país, o Hospital de Câncer atende 3.000 pessoas por dia pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
Segundo o diretor dos hospitais Henrique Prata o problema se agravou há dois anos. "Tenho espaço para produzir e não tenho profissional para atender a demanda. A situação é gravíssima."

REFORÇO EUROPEU
Para tentar resolver o problema, Prata já foi a Portugal e Espanha atrás de mão de obra. Segundo ele, por influência da crise europeia, já há médicos desses países interessados em vir para o Brasil.
Falta, no entanto, superar barreiras burocráticas.
As duas unidades da instituição -Barretos e Jales- têm juntas 250 médicos, entre oncologistas, anestesistas e radiologistas, que trabalham em tempo integral para o hospital atender a cerca de 800 novos casos de câncer de pacientes do SUS por ano.
"Para pacientes de câncer, cada minuto conta. É preciso fazer o diagnóstico e o tratamento o mais rápido possível. Por isso, a falta de médicos pode ser muito prejudicial", afirma a coordenadora de apoio a pacientes da Abrale (Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia), Melissa Abreu Pereira.

TENTATIVA DE SOLUÇÃO
Para estimular a formação de médicos, o Ministério da Saúde dará a recém-formados que fizerem residência médica em 16 áreas consideradas prioritárias -entre elas a cancerologia- a extensão do prazo de carência do Fies.
A questão é, no entanto, mais complexa. O presidente do Simesp (Sindicato dos Médicos do Estado de São Paulo), Cid Carvalhaes, diz que um salário maior é fundamental para a manutenção dos profissionais na área.
Segundo ele, não faltam médicos qualificados, mas muitos desistem de trabalhar em hospitais por conta da baixa remuneração.
O conselheiro do Cremesp, Isac Jorge, concorda com Carvalhaes e diz que os médicos têm migrado para especialidades que pagam mais, como a de cirurgia plástica.
Já Prata lembra que a falta de médicos ocorre também porque a formação desses profissionais no país não está acompanhando a demanda crescente.
O principal motivo, diz ele, é a interrupção de abertura de novos cursos de medicina.
O próprio Hospital de Câncer de Barretos tem uma estrutura toda montada para receber uma faculdade há dois anos, que ainda não funciona porque aguarda liberação.
"É uma situação muito triste porque eu fico pedindo dinheiro para o povo [empresários e artistas] para construir [unidades no hospital] e agora estou pagando o mico de ter serviço ocioso."

Colaborou LEANDRO MARTINS, de Ribeirão Preto

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