Aliados de Dárcy adiam CPI da Cohab

	Silva Junior/Folhapress
	O vereador Walter Gomes conversa como secretário de Governo, Jamil Albuquerque, na sessão da Câmara de Ribeirão

GABRIELA YAMADA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
DE RIBEIRÃO PRETO

A base aliada da prefeita de Ribeirão Preto, Dárcy Vera (PSD), conseguiu adiar ontem na Câmara a votação para criar a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) sobre a suposta fraude na distribuição de casas populares a inscritos na Cohab-RP (Companhia Habitacional Regional).
Anteontem, uma das suspeitas envolvidas na suposta irregularidade envolveu a prefeita ao dizer que o esquema beneficiava Dárcy e sua irmã, Marli Vera, a Chaveirinho.
Segundo a denúncia de membros do Conselho Municipal da Habitação e do jornal "A Cidade", pagava-se até
R$ 3.000 para "furar" o sorteio de casas populares.
O secretário de Governo, Jamil Albuquerque, foi à Câmara ontem à noite para acompanhar a sessão e conversar com os parlamentares.
O adiamento foi sugerido por Walter Gomes (PR), autor da CPI e aliado da prefeita. Por fim, somente vereadores da oposição foram favoráveis à instalação imediata da CPI.
Gomes disse que propôs o adiamento porque acha que o assunto precisa ser mais bem discutido pela Casa. Outro motivo alegado foi a iminência de novos fatos -uma segunda suspeita vai ser ouvida pela Polícia Civil hoje.
A vereadora Silvana Resende (PSDB), maior opositora da prefeita, afirmou que Dárcy deve ter pedido para sua base adiar a votação. "Ela deveria estar aqui hoje. Quando é para divulgar projetos, a prefeita vem, mas quando é para se explicar, não."
Já Cicero Gomes (PMDB), outro aliado, disse que a Câmara não pode investigar a CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano de SP) -a denúncia atinge casas construídas pela companhia do Estado.
Por isso, ele defende uma CEE (Comissão Especial de Estudos). "CPI dá uma ideia de corrupção e isso é ruim para o governo", disse Cícero, aliado da prefeita na Casa.

'COINCIDÊNCIA'
Albuquerque disse que foi uma coincidência ele estar na Câmara ontem. "Não é uma forma de pressão."
Hoje, a arquiteta Maria Rosa Lopes Ferreira, 57, suspeita de arrecadar dinheiro para furar o sorteio das casas do conjunto Paulo Gomes Romeo, construído pela CDHU, irá prestar depoimento à Polícia Civil de Ribeirão.