Ribeirão Preto, Domingo, 01 de Fevereiro de 2009

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Sem crédito, usinas ainda não sabem se terão colheitadeiras na próxima safra

DA FOLHA RIBEIRÃO

Perto do início da próxima safra de cana-de-açúcar, em março, algumas usinas do Estado de São Paulo ainda não sabem como vão colher suas lavouras por causa do rigor maior dos bancos, após a crise mundial, em liberar crédito para financiamento de colheitadeiras.
Como uma colhedora de cana custa em média R$ 1 milhão, usineiros buscam linhas de financiamento de crédito via BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), para ser quitado em até oito anos. Uma máquina é capaz de substituir a força de trabalho de cem cortadores.
De acordo com a concessionária Tracan, que revende máquinas produzidas pela multinacional Case IH, só nas lojas de Ribeirão Preto e Barretos há 12 usinas esperando o aval do banco para comprarem 45 máquinas colhedoras, que gostariam de colocar em funcionamento já na safra deste ano.
São empresas que assinaram a documentação solicitando a máquina e já deram uma entrada com recurso próprio -o banco financia 80% do total.
"Os bancos estão muito mais restritivos. Temos carteira de clientes com pedido já consolidado, só esperando a análise do banco", afirmou o diretor operacional da Tracan, Dário William Sodré.
Segundo Sodré, enquanto normalmente um crédito era liberado em até 20 dias, a demora tem chegado agora a até dois meses. "Os usineiros estão preocupados, porque a safra está se aproximando. Alguns até estão fazendo propostas de tentar outro tipo de financiamento", disse.
Na microrregião de Araraquara, a loja Colorado, revendedora das máquinas John Deere, tem três clientes esperando respostas de financiamento de cinco colheitadeiras.
Segundo o gerente Rodolfo Crispim, clientes que previam ampliar a lavoura poderão rever seus planos.
A Terra Verde Máquinas Agrícolas, também da John Deere, tem 36 clientes na região central e norte do Estado. Aproximadamente 40% dos clientes estão com dificuldades em obter crédito.
"Não é nem uma desconfiança direta com a usina, é que quando há uma crise de confiança como essa, os bancos tendem a ser mais seletivos", disse o revendedor Eduardo Cunalli de Felipe.
Diretor da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) em Ribeirão, Sérgio Prado diz que a entidade não tem conhecimento de casos pontuais, mas que de forma geral ainda existe restrição de crédito para o setor. "O crédito está escasso, mais caro e as empresas estão fazendo de tudo para resolver antes da safra", afirmou.


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