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Sem crédito, usinas ainda não sabem se terão colheitadeiras na próxima safra
DA FOLHA RIBEIRÃO
Perto do início da próxima
safra de cana-de-açúcar, em
março, algumas usinas do Estado de São Paulo ainda não sabem como vão colher suas lavouras por causa do rigor maior
dos bancos, após a crise mundial, em liberar crédito para financiamento de colheitadeiras.
Como uma colhedora de cana custa em média R$ 1 milhão,
usineiros buscam linhas de financiamento de crédito via
BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social), para ser quitado em até
oito anos. Uma máquina é capaz de substituir a força de trabalho de cem cortadores.
De acordo com a concessionária Tracan, que revende máquinas produzidas pela multinacional Case IH, só nas lojas
de Ribeirão Preto e Barretos há
12 usinas esperando o aval do
banco para comprarem 45 máquinas colhedoras, que gostariam de colocar em funcionamento já na safra deste ano.
São empresas que assinaram
a documentação solicitando a
máquina e já deram uma entrada com recurso próprio -o
banco financia 80% do total.
"Os bancos estão muito mais
restritivos. Temos carteira de
clientes com pedido já consolidado, só esperando a análise do
banco", afirmou o diretor operacional da Tracan, Dário William Sodré.
Segundo Sodré, enquanto
normalmente um crédito era liberado em até 20 dias, a demora tem chegado agora a até dois
meses. "Os usineiros estão
preocupados, porque a safra está se aproximando. Alguns até
estão fazendo propostas de
tentar outro tipo de financiamento", disse.
Na microrregião de Araraquara, a loja Colorado, revendedora das máquinas John
Deere, tem três clientes esperando respostas de financiamento de cinco colheitadeiras.
Segundo o gerente Rodolfo
Crispim, clientes que previam
ampliar a lavoura poderão rever seus planos.
A Terra Verde Máquinas
Agrícolas, também da John
Deere, tem 36 clientes na região central e norte do Estado.
Aproximadamente 40% dos
clientes estão com dificuldades
em obter crédito.
"Não é nem uma desconfiança direta com a usina, é que
quando há uma crise de confiança como essa, os bancos
tendem a ser mais seletivos",
disse o revendedor Eduardo
Cunalli de Felipe.
Diretor da Unica (União da
Indústria de Cana-de-Açúcar)
em Ribeirão, Sérgio Prado diz
que a entidade não tem conhecimento de casos pontuais, mas
que de forma geral ainda existe
restrição de crédito para o setor. "O crédito está escasso,
mais caro e as empresas estão
fazendo de tudo para resolver
antes da safra", afirmou.
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