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Assassinato de jovem choca Santa Cruz
Morte de Jefferson Iotti, 25, espancado por cinco rapazes, é o principal assunto na cidade de 1.733 habitantes
A vítima e os jovens acusados de espancar Jefferson após um baile se conheciam desde a época de infância
PAULO GODOY
ENVIADO ESPECIAL A SANTA CRUZ DA ESPERANÇA
O assassinato de Jefferson
Iotti, 25, no dia 11 de julho,
ainda é o principal assunto
de Santa Cruz da Esperança,
cidade de 1.733 moradores
onde, segundo os dados oficiais, o homicídio anterior
havia ocorrido em 2008 -o
único, desde 1961, antes da
violenta morte do jovem.
Na última semana, os cinco acusados de espancar Jefferson na saída de um baile
foram indiciados por homicídio triplamente qualificado
-eles estão presos.
No fim de semana em que
seria alvo, Jefferson fez o que
era rotina todas as vezes em
que estava na casa da mãe,
em Santa Cruz da Esperança.
Chegou à tarde, ligou o
computador, pegou o violão
comprado havia poucas semanas, começou a conversar
pelo MSN com a noiva, Daiane, que mora em São Paulo.
O jovem vivia em Ribeirão
Preto havia quatro anos, onde trabalhava em uma empresa de cabos elétricos. A irmã, Priscila, com quem morava, é a gerente.
No sábado, 10, ele bateu às
portas da mãe, Elisabeth de
Jesus Ferreira Iotti, que já tinha anunciado uma lasanha
para o almoço de domingo.
Chegou no Gol 2001, cujo financiamento é o pai dele, Devanir Aparecido, quem vai
terminar de pagar.
Em Santa Cruz, a violência
que marcou a saída do baile
no Centro Social Urbano, motivada por um suposto envolvimento de Jefferson com
uma garota de 17 anos, ainda
soa incompreensível.
No lugar em que todos se
conhecem, vítima e agressores eram amigos de infância.
O principal acusado do crime
é primo de Jefferson.
Na saída do CSU, o cenário
já se desenhava. A festa com
música sertaneja ao vivo é a
única opção de diversão,
mas não ocorre sempre.
Em algum momento do
baile, Jefferson, acompanhado da menor, encontrou-se
com Danilo Fernandes, 24,
seu primo em terceiro grau.
Danilo já tinha "ficado"
com a menina que acompanhava Jefferson, segundo depoimento da própria garota.
Segundo testemunhas, conversaram amistosamente.
Perto das cinco da manhã
Jefferson sai e leva a menina
em seu carro. Danilo, então,
é acusado de reunir Romário
Aparecido da Silva, 20, Alex
José da Cruz, 29, Marcos Aurélio da Cruz, 22, e Celso Luiz
Jardim Júnior, 19, o Juninho,
para ir atrás de Jefferson.
No terreno já preparado
com marcações no solo para
a construção de casas de
uma futura Cohab, o filho de
Elisabeth e Devanir teria sido
fechado pelo carro de Romário e retirado de dentro de seu
Gol, sendo espancado por,
no mínimo, 30 minutos.
Jefferson apanhou tanto
que seu tio, Luiz Antonio
Souza, guarda municipal,
não reconheceu o sobrinho
ao removê-lo do seu carro para a maca do hospital. "Ele já
respirava com dificuldade",
disse o pai, Devanir.
Em Santa Cruz, os agressores tomaram rumos diferentes. Alguns ainda foram para
um churrasco. Alex, sem camisa, voltou ao cenário do
crime. Depois, ainda teria ido
tomar cerveja. Ele é conhecido na cidade por ter matado
um burro a pauladas, pelo
simples fato de o animal não
ter obedecido.
Pai de dois meninos, entre
dois e quatro anos, chorou na
delegacia após ser preso. A
mãe não entende o que passou. Na rua, andando de cabeça baixa, Célia, funcionária da Prefeitura de Santa
Cruz, disse ter vergonha.
"Não sei como ele chegou
a esse ponto", disse sobre o
filho. "Minha dor é muito
grande, mas não é nada perto da dor da Beth", disse, citando a mãe de Jefferson.
No pequeno cemitério de
Santa Cruz o túmulo de Jefferson ainda está sem número -foi o último enterro.
A Folha não conseguiu
ouvir os advogados dos cinco
acusados do crime.
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