Ribeirão Preto, Sexta-feira, 01 de Outubro de 1999

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MEIO AMBIENTE
Área atingida é de 1.298 campos de futebol
Fogo destrói maior reserva da região

Ernesto Rodrigues/Folha Imagem
Vista aérea da reserva ambiental atingida por incêndio em Sertãozinho, na Usina São Francisco


MARCELO TOLEDO
enviado especial a Sertãozinho

Um incêndio destruiu anteontem à noite a maior reserva de mata nativa da região de Ribeirão Preto. A área, de 300 hectares, fica na Usina São Francisco, em Sertãozinho (20 km de Ribeirão).
No total, o fogo atingiu 1.000 hectares -equivalente a 1.298 campos de futebol. A direção da usina informou que incêndio foi criminoso. O prejuízo chega a R$ 2 milhões. A polícia de Barrinha já está investigando o caso.
"Era uma área importantíssima", disse Marcelo Alves Martirani, 42, da Secretaria de Estado do Meio Ambiente. Hoje, técnicos do órgão devem ir até o local atingido para avaliar a destruição.
Além da reserva, foram atingidos também 700 hectares de plantação de cana. Desse total, 500 hectares ainda não haviam sido colhidos, segundo a usina.
A justificativa da usina para a hipótese de incêndio criminoso é a de que vários focos atingiram a área em horários diferentes.
Desde o início do ano, dez incêndios foram registrados na São Francisco. "É o pior ano para o grupo", disse Leontino Balbo, diretor da usina, que enviou pedido de providências ao Ministério da Agricultura e à Secretaria de Estado da Segurança Pública.
Para combater o fogo foram necessários dez caminhões-pipa. Outras 20 pessoas trabalharam no local durante a madrugada.
A velocidade do vento e as condições geográficas atrapalharam o combate ao fogo, que foi controlado apenas às 3h de ontem.
Balbo afirmou ter suspeitas do autor do incêndio, mas preferiu manter o nome em sigilo.
O delegado da Polícia Civil de Barrinha, Benedito de Castro Filho, esteve na tarde de ontem na usina. Com ele, estiveram membros da Polícia Técnica para apurar as causas do incêndio.
A usina produz açúcar orgânico para exportação, o que requer um tratamento especial com a cana, incluindo a ausência de queimadas antes da colheita.
A colheita da cana começaria ontem na usina. Hoje, seria iniciada a produção do açúcar.
Estava prevista para ontem à noite a chegada de técnicos franceses, que inspecionariam a cana.
Se a cana da área atingida pelo fogo não puder ser aproveitada para a fabricação do açúcar orgânico, será vendida como normal.
A reserva foi considerada pelo governo do Estado de preservação permanente em 1985. De acordo com a secretaria, a área foi levada a essa condição por ter um ecossistema frágil.
Outro incêndio anteontem destruiu parte da fazenda da Barra, em Ribeirão. A área atingida foi de 400 mil m˛.
O incêndio também pode ter sido criminoso e a polícia vai investigar o caso.


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