Ribeirão Preto, Sexta-feira, 02 de Abril de 2010

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Região retira água em excesso dos rios, diz órgão estadual

Prefeituras, indústrias e agricultores retiram mais da metade da água disponível em cinco das seis bacias da região

Irrigação é um dos maiores vilões do uso exagerado de água, aliada ao desperdício nas cidades e ao número alto de poços particulares

Joel Silva - 13.out.07/Folha Imagem
Produtor de hortaliças irriga plantação no cinturão verde de Ribeirão; região desperdiça água

JULIANA COISSI
DA FOLHA RIBEIRÃO

Prefeituras, fazendas e indústrias da região retiram mais água das bacias hidrográficas do que suportam os rios e o leito subterrâneo. Esse abuso coloca cinco das seis bacias da região em situação crítica.
A avaliação consta no Relatório de Qualidade Ambiental 2010, divulgado anteontem pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente, com base em dados de 2007. Segundo o estudo, oito bacias do Estado estão em situação de suprimento crítica, ou seja, a captação supera mais da metade da água dos rios.
Há casos de bacias que usam o total de sua capacidade e precisam "importar" água de rios vizinhos. Além da Alto Tietê, que serve a capital, esse é o caso da bacia Turvo/Grande, que engloba Olímpia.
Na bacia do Pardo, onde se situa Ribeirão, está disponível uma vazão de 40 m3 de água por segundo, vinda de rios e do aquífero Guarani. Dessa vazão, prefeituras, indústrias e sítios retiram 25,15 m3 por segundo, ou seja, 62,8% da água disponível está sendo retirada.
Na bacia do Baixo Pardo/ Grande, que engloba Barretos, o uso é de 62,5%. Outras bacias com situação crítica são a Tietê/Jacaré, que abastece São Carlos (demanda de 64,3%), e a Mogi-Guaçu, que serve cidades como Sertãozinho e Jaboticabal (62,4%).
"Esses índices são um alerta para que seja feito um planejamento a longo prazo. A disponibilidade da água é a mesma. Os índices não vão mudar se não se diminuir a demanda", afirmou o coordenador de Planejamento Ambiental da secretaria estadual, Casemiro Tércio Carvalho.
A redução, segundo ele, se faz com educação para evitar o desperdício, reuso da água por indústrias e busca na tecnologia de tipos de plantas que demandem menos água.
Na bacia que banha Barretos, o uso excessivo se deveu à irrigação para a citricultura e a soja. Nos últimos anos, essas culturas foram substituídas pela cana, que demanda menos água, segundo o secretário-executivo do comitê da bacia, Cláudio Daier Garcia. Duas microbacias, a que abastece Barretos e Colômbia, porém, continuam em situação crítica.
Ribeirão depende 100% da água que vem do subsolo, pelo aquífero Guarani. O Daerp (Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto) possui cem poços em atividade, mas há cerca de outros 500 poços particulares em hotéis, condomínios e chácaras.
Segundo o superintendente Tanielson Campos, para combater desperdício da água captada pela prefeitura, o Daerp tem trocado a tubulação, instalado macromedidores e caçado ligações ilegais.


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