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Lula deve propor que "gato" seja extinto
Proposta foi elaborada por governo e setor sucroalcooleiro; intermediário é apontado como problema
MARCELO TOLEDO
ENVIADO ESPECIAL A SÃO PAULO
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve lançar, em
15 dias, um projeto que, seguido
à risca, vai eliminar do setor sucroalcooleiro uma figura tida
como responsável por parte
dos problemas enfrentados pelos migrantes que se dirigem à
região de Ribeirão Preto para
trabalhar no corte de cana: o
"gato", intermediário que atua
na contratação dos bóias-frias.
O anúncio foi feito ontem em
São Paulo pelo ministro interino da Secretaria-Geral da Presidência, Antonio Lambertucci, durante a abertura do Ethanol Summit, o encontro que
reúne várias lideranças do setor sucroalcooleiro.
No mesmo evento, representantes do setor lançaram um
projeto de requalificação profissional que deve atender cortadores de cana de Ribeirão
ainda neste ano.
Já a extinção do "gato" foi
proposta por um grupo criado
pelo governo para aperfeiçoar
as condições de trabalho nas
usinas. De quatro problemas
listados, a prioridade é a eliminação do intermediário.
"[O segundo ponto é] Contratar migrante por meio do Sine [Sistema Nacional de Emprego], além de dar transparência na aferição da cana cortada", afirmou Lambertucci. O
quarto ponto é valorizar as negociações trabalhistas.
Qualificação
O projeto de treinamento
profissional apresentado pelo
setor sucroalcooleiro prevê a
requalificação anual de 7.000
trabalhadores, começando neste ano. O programa deve custar
R$ 10 milhões e será bancado
pela Unica (União da Indústria
de Cana-de-Açúcar) e por empresas como Case, Syngenta e
John Deere.
A intenção é amenizar o desemprego que será causado pela mecanização no corte da cana-de-açúcar -a mecanização
na colheita deve ser total até
2014 em regiões já mecanizadas e até 2017 em áreas não mecanizadas. Ribeirão está entre
as cidades cujos trabalhadores
serão requalificados em 2009.
O projeto é insuficiente para
sanar o desemprego. Hoje, 450
mil bóias-frias trabalham no
Estado, segundo a Unica, responsável pelo programa. Para
treinar todos, seriam necessários 64 anos.
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