|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Para cada ação julgada, outras duas "nascem"
Promotoria propôs 854 ações em 2008 em Ribeirão, mais que a capital, com 221
A região administrativa que apresentou mais eficiência em São Paulo foi a de Franca, que criou 88 ações
e julgou 54 em 2008
DA FOLHA RIBEIRÃO
Para cada ação civil pública
que recebeu sentença e deixou
a mão dos promotores do Ministério Público em Ribeirão
Preto, outras duas "nasceram"
no ano passado. Os dados são
de levantamento feito pela Folha com base no Relatório
Diagnóstico do Ministério Público, publicado em julho.
A comarca, que atua em área
com 2,6 milhões de habitantes,
propôs ao todo 854 ações desse
tipo no ano passado, uma média de 2,3 por dia. Foi, com sobras, a mais ativa do Estado.
Ficou à frente, por exemplo,
da Promotoria da capital, que
cobre área com população estimada em 11 milhões de pessoas
e propôs 221 ações no período.
Por outro lado, a Justiça ribeirão-pretana julgou, procedentes ou não, 462 outras ações
no ano passado. Na capital, apenas 63 ações civis públicas tiveram fim naquele ano, índice
que prevê criação de 3,5 ações
para cada uma julgada.
Os números da celeridade
dos julgamentos colocam a
Promotoria de Ribeirão na terceira colocação no ranking de
eficiência no Estado, à frente de
11 outras comarcas.
A região administrativa com
maior número de ações criadas
em relação às julgadas é a de
Sorocaba, onde são criadas 6,3
novas a cada uma que é julgada.
A região com índice mais eficiente é a de Franca, que criou
88 ações e julgou 54 no ano passado. Por outro lado, os promotores francanos não tiveram
muito sucesso em suas denúncias, já que, do total julgado, só
nove (17%) foram considerados
procedentes à Promotoria.
Para especialistas consultados pela Folha, inclusive juízes, o maior problema está no
Judiciário, que não tem estrutura para atender ao volume de
ações criadas. "A estrutura do
Judiciário no Estado, todavia,
ainda não atingiu o nível adequado para fazer frente ao
imenso volume de processos
ajuizados. É significativo dizer,
entretanto, que São Paulo, sozinho, concentra cerca de 40%
do volume de processos em andamento no país", disse o juiz
Paulo César Gentile, diretor do
Fórum de Ribeirão.
O presidente da comissão da
OAB (Ordem dos Advogados
do Brasil) para direito administrativo, Saulo Lopes de Ornelas, disse que a lentidão do Judiciário não pode inibir o trabalho dos promotores.
"As características do Brasil
fazem estes fatos [irregularidades passíveis de ação civil pública] surgirem com certa regularidade e só a fiscalização pode
combater isso", disse.
Um dos promotores com
maior volume de ações ajuizadas, por sua área de atuação,
Sebastião Sérgio da Silveira, da
Cidadania, não crê que o ritmo
do Judiciário comprometa seu
trabalho e o de seus colegas.
"Acredito que a demanda da
sociedade é grande para novos
inquéritos. Quanto ao Judiciário, apesar das dificuldades estruturais, as respostas às ações
têm sido positivas." Para ele, a
maior atuação dos promotores
de Ribeirão não se deve à falta
de fiscalização de outros órgãos, como TCE (Tribunal de
Contas do Estado) ou a Câmara.
(ROBERTO MADUREIRA)
Texto Anterior: Lei: Projeto prevê diretrizes para a perfuração de poços Próximo Texto: Para "zerar", 4 ações teriam que ser julgadas por dia Índice
|