Ribeirão Preto, Terça-feira, 02 de Agosto de 2011

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Trânsito de Ribeirão trava em dez anos

Cálculo de consultor financeiro afirma que frota de veículos da cidade pode dobrar dentro de uma década

Segundo especialista da USP, trânsito vai estagnar caso Ribeirão atinja a marca de 827 mil veículos

Edson Silva/Folhapress
Movimento de veículos na av. Independência, próximo ao centro de Ribeirão, no final da tarde de ontem; frota quase dobrou nos últimos dez anos

ELIDA OLIVEIRA
DE RIBEIRÃO PRETO

A frota de Ribeirão Preto poderá dobrar em uma década, chegando a 827.227 veículos. De acordo com especialistas ouvidos pela Folha, se não houver planejamento, isso trará reflexos negativos para o trânsito da cidade.
O cálculo foi feito pelo consultor financeiro Ariovaldo da Costa Botelho Júnior a pedido da Folha, com base na frota de Ribeirão, segundo o Denatran (Departamento Nacional de Trânsito).
Até junho deste ano, a cidade tinha 411.971 veículos -93% a mais que em 2001, quando havia 212.455.
"Caso a frota atinja esse número [previsto], trará estagnação ao trânsito [de Ribeirão]", afirmou Coca Ferraz, coordenador do Núcleo de Estudos em Segurança no Trânsito da USP São Carlos.
Segundo Antônio Vicente Golfeto, do Instituto de Economia da Acirp (Associação Comercial e Industrial de Ribeirão), o problema ocorre porque a capacidade que a população tem para comprar carros é maior que a do poder público para investir em infraestrutura.
"Com a frota atual, já temos congestionamento. Se dobrar, o trânsito ficará ainda pior", disse Alberto Borges Matias, coordenador do Cades (Conselho de Assessoramento para o Desenvolvimento Econômico e Socioambiental).

PLANEJAMENTO
A alternativa seria o planejamento a longo prazo, com investimentos em transporte coletivo e ciclovias, disse o ex-diretor de Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades Renato Boareto, do Instituto de Energia e Meio Ambiente. "As cidades precisam discutir se vão tirar das ruas os carros ou os ônibus."
Segundo Matias, cidades com o mesmo porte de Ribeirão têm iniciativas que poderiam ser seguidas, como Siping, na China, que investe em monorail (trens elétricos).
"Se colocarmos o monorail no anel viário, cruzando a cidade com um xis, resolvemos o problema."
Golfeto disse que é preciso exigir dos empreendedores estudos de impacto viário a cada novo imóvel na cidade.
"Shoppings e condomínios fechados, por exemplo, são pontos de atração de veículos, mas as vias no entorno não são pensadas para recebê-los", disse.
Coca afirmou, porém, que a frota de Ribeirão não deverá crescer nessa proporção em dez anos. Isso porque, em 15 anos, a população deve se estagnar, segundo ele.
A Folha entrou em contato com a Prefeitura de Ribeirão para saber qual o planejamento de longo prazo previsto para o trânsito da cidade, mas não obteve retorno.


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