Ribeirão Preto, Segunda-feira, 04 de Janeiro de 2010

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Comércio familiar resiste fora do centro em Ribeirão

Loja tradicional luta para sobreviver em meio a três shoppings e hipermercados

Estabelecimentos em bairros como Campos Elíseos têm consumidor fiel, com um atendimento mais personalizado

LEANDRO MARTINS
DA FOLHA RIBEIRÃO

Três shopping centers, grandes lojas de departamento na região central, expansão de redes de supermercados e hipermercados. Mesmo com esse crescimento do setor comercial e a chegada de unidades de grandes grupos varejistas a Ribeirão Preto, o comércio familiar ainda resiste nos bairros.
Em corredores comerciais localizados fora da região central, como no entorno das avenidas da Saudade e D. Pedro, é comum encontrar estabelecimentos comerciais que são gerenciados pela mesma família há décadas.
Esses lojistas se aproveitam de um filão do mercado formado por consumidores fieis que optam, muitas vezes, por um atendimento mais personalizado e não trocam os comércios menores por unidades de grandes redes.
Outra questão é o aumento do poder de compra de moradores de bairros mais pobres e afastados do centro, o que deu fôlego para estabelecimentos existentes nesses locais.
Segundo o professor da FEA-RP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto) da USP Alberto Borges Matias, a força do comércio nas regiões periféricas das cidades passou a ser observada mais recentemente até por grandes redes.
"O movimento de centralização do comércio varejista que aconteceu nos últimos anos vem sendo revertido. O consumidor começa a dar preferência ao comércio local. Isso foi observado a ponto de as grandes redes começarem um movimento de expansão de redes locais", disse Matias.
Com estruturas bem mais modestas que as grandes redes, alguns estabelecimentos familiares resistem há décadas. É o caso do Supermercado Serv Lar, na rua Capitão Salomão, no bairro Campos Elíseos.
Segundo Ramiro Rodrigues Nunes, 54, o local foi aberto há 53 anos por seu pai, que trouxe para a cidade um armazém que funcionava na zona rural. "Era na época em que as coisas ainda eram vendidas tudo no peso, em sacarias. Tinha muitos fregueses, porque não havia esse monte de redes de super mercados que existem agora."
Com a concorrência atual, Nunes disse que a saída foi oferecer um produto diferenciado para atender aos clientes mais fieis. "A linguiça de Dumont, que nós vendemos aqui, passou a ser um diferencial nosso."
Na mesma avenida do Campos Elíseos, outro estabelecimento que existe há 57 anos é a Drogaria Oswaldo Cruz. Até pouco tempo atrás, a farmácia ainda tinha o mesmo aspecto de quando foi fundada, na década de 1950.
Agora, os atuais donos -três ex-funcionários do antigo proprietário que assumiram o negócio- cederam à modernidade e iniciaram uma reforma na drogaria. Como lembrança de épocas passadas, resta uma balança que há no local desde que a farmácia foi aberta, e um quadro de Oswaldo Cruz, que empresta o nome para a drogaria.
Segundo Jones Ricardo da Silva, 34, um dos donos da farmácia, o atendimento diferenciado é o que mantém o comércio na disputa com as grandes redes. "Tem família aqui do bairro que está na terceira geração e segue como cliente. Nesse ramo, as pessoas querem explicação detalhada, e isso a gente oferece", disse.


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