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Comércio familiar resiste fora do centro em Ribeirão
Loja tradicional luta para sobreviver em meio a três shoppings e hipermercados
Estabelecimentos em bairros como Campos Elíseos têm consumidor fiel, com um atendimento
mais personalizado
LEANDRO MARTINS
DA FOLHA RIBEIRÃO
Três shopping centers, grandes lojas de departamento na
região central, expansão de redes de supermercados e hipermercados. Mesmo com esse
crescimento do setor comercial
e a chegada de unidades de
grandes grupos varejistas a Ribeirão Preto, o comércio familiar ainda resiste nos bairros.
Em corredores comerciais
localizados fora da região central, como no entorno das avenidas da Saudade e D. Pedro, é
comum encontrar estabelecimentos comerciais que são gerenciados pela mesma família
há décadas.
Esses lojistas se aproveitam
de um filão do mercado formado por consumidores fieis que
optam, muitas vezes, por um
atendimento mais personalizado e não trocam os comércios
menores por unidades de grandes redes.
Outra questão é o aumento
do poder de compra de moradores de bairros mais pobres e
afastados do centro, o que deu
fôlego para estabelecimentos
existentes nesses locais.
Segundo o professor da FEA-RP (Faculdade de Economia,
Administração e Contabilidade
de Ribeirão Preto) da USP Alberto Borges Matias, a força do
comércio nas regiões periféricas das cidades passou a ser observada mais recentemente até
por grandes redes.
"O movimento de centralização do comércio varejista que
aconteceu nos últimos anos
vem sendo revertido. O consumidor começa a dar preferência ao comércio local. Isso foi
observado a ponto de as grandes redes começarem um movimento de expansão de redes
locais", disse Matias.
Com estruturas bem mais
modestas que as grandes redes,
alguns estabelecimentos familiares resistem há décadas. É o
caso do Supermercado Serv
Lar, na rua Capitão Salomão,
no bairro Campos Elíseos.
Segundo Ramiro Rodrigues
Nunes, 54, o local foi aberto há
53 anos por seu pai, que trouxe
para a cidade um armazém que
funcionava na zona rural. "Era
na época em que as coisas ainda
eram vendidas tudo no peso,
em sacarias. Tinha muitos fregueses, porque não havia esse
monte de redes de super mercados que existem agora."
Com a concorrência atual,
Nunes disse que a saída foi oferecer um produto diferenciado
para atender aos clientes mais
fieis. "A linguiça de Dumont,
que nós vendemos aqui, passou
a ser um diferencial nosso."
Na mesma avenida do Campos Elíseos, outro estabelecimento que existe há 57 anos é a
Drogaria Oswaldo Cruz. Até
pouco tempo atrás, a farmácia
ainda tinha o mesmo aspecto
de quando foi fundada, na década de 1950.
Agora, os atuais donos -três
ex-funcionários do antigo proprietário que assumiram o negócio- cederam à modernidade e iniciaram uma reforma na
drogaria. Como lembrança de
épocas passadas, resta uma balança que há no local desde que
a farmácia foi aberta, e um quadro de Oswaldo Cruz, que empresta o nome para a drogaria.
Segundo Jones Ricardo da
Silva, 34, um dos donos da farmácia, o atendimento diferenciado é o que mantém o comércio na disputa com as grandes
redes. "Tem família aqui do
bairro que está na terceira geração e segue como cliente.
Nesse ramo, as pessoas querem
explicação detalhada, e isso a
gente oferece", disse.
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