Ribeirão Preto, Segunda, 4 de janeiro de 1999

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ECONOMIA
Municípios oferecem vantagens fiscais a companhias para gerar empregos e tentar aumentar a arrecadação
Região vive "guerra" por empresas

Lucio Piton/Folha Imagem
Área próxima ao anel viário, desapropriada pela Prefeitura de Ribeirão Preto, onde deve ser instalado o distrito industrial


da Folha Ribeirão

Municípios da região de Ribeirão Preto estão intensificando a "guerra fiscal" para atrair novas empresas e evitar a migração de indústrias para outras cidades.
Com o agravamento da crise financeira, gerado principalmente pela queda na arrecadação de impostos, prefeituras passaram a oferecer isenção de tributos municipais, a doar terrenos e a facilitar a instalação de empresas.
A intenção é gerar empregos e até dobrar a participação no bolo do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).
A Prefeitura de Taquaritinga está construindo galpões e vendendo para indústrias a preço de custo. Os imóveis serão pagos em até 5 anos com seis meses de carência.
Os quatro primeiros barracões serão entregues até abril e devem gerar cerca de 300 empregos. O valor do galpão, incluindo o terreno, varia de R$ 50 mil a R$ 80 mil.
"Nossa intenção é revigorar o parque industrial da cidade, atraindo até 25 novas indústrias nos próximos dois anos", afirma Sérgio Salvagni (PSDB), prefeito de Taquaritinga.
Com essas medidas, a administração pretende, em um período de três anos, aumentar em 50% a participação no bolo do ICMS, que atualmente é de 0,0086%. Em 98 a cidade recebeu cerca de R$ 5,4 milhões de repasse do imposto.
"Também intermediamos negociações entre microempresários que estavam fechando as portas para que repassassem a estrutura a outras empresas."
Vantagens
Com os incentivos, a proprietária da Green Mix Fertilizantes, Maria Botura de Azevedo, decidiu ampliar sua empresa e permanecer na cidade. Ela deve assumir um dos novos barracões que serão entregues agora.
"Esperava uma área para ampliar a empresa em Taquaritinga havia sete anos. Nesse período tive propostas de outros municípios, mas, com as vantagens oferecidas, preferi continuar na cidade."
A empresa de Maria, que atualmente emprega oito funcionários, deve gerar pelo menos outros 22 empregos diretos este ano.
Em Altinópolis, as vantagens oferecidas devem atrair a primeira empresa de destaque ainda no início deste ano.
Um laboratório mexicano de produtos veterinários está fechando contrato para se instalar na cidade em troca da cessão do terreno no distrito industrial da cidade e isenção de impostos e taxas municipais por pelo menos cinco anos.
"Em 98 conseguimos a transferência e a ampliação de algumas empresas da cidade para o distrito. Agora, estamos em busca de novas empresas", afirma o prefeito Luiz Valter Ferreira.
Em Araraquara, as isenções já atraíram cerca de 50 companhias e geraram cerca de 2.000 empregos em 98. "Em dois anos, pretendemos dobrar o repasse de ICMS", afirma Feiz Mattar, secretário do Desenvolvimento Econômico de Araraquara.
Em Barretos, a prefeitura conseguiu em 98 a escritura definitiva do terreno do distrito industrial. As empresas interessadas em se instalar na cidade recebem, além da área, a isenção de tributos municipais por dez anos.
A dimensão da área pode ser negociada e o departamento de engenharia fica disponível para auxiliar na construção. "Atrair empresas é fundamental para aumentar a arrecadação do município", afirma o prefeito Uebe Rezek (PMDB).
Para o vice-presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), Carlos Roberto Liboni, as indústrias passaram a ser "clientes" das cidades.
"A redução de tributos por um determinado período é vantagem de maior relevância, principalmente para pequenas e médias empresas."



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