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Ações de empresas da região caem mais que as da Bovespa
Frigorífico Minerva perdeu 76%, mas setor que teve mais queda foi o sucroalcooleiro
Queda foi de 69,9% nas ações da Açúcar Guarani, 62% na Cosan e 60% na São Martinho; SEB, do Grupo COC, desvalorizou 46%
LUCAS REIS
DA FOLHA RIBEIRÃO
Desde a chegada dos primeiros indícios de crise mundial no
Brasil, as ações das empresas
com sede ou operação na região
de Ribeirão Preto caíram, superando até as perdas da própria
Bovespa (Bolsa de Valores do
Estado de São Paulo).
Entre o dia 1º de setembro
-período que marcou os primeiros reflexos da crise- e ontem, o índice Bovespa apresentou redução de 34,3%. No mesmo período, os papéis da Minerva, do setor de carnes e derivados, tiveram queda de 76,7%
(de R$ 7,30 para R$ 1,92).
Porém, o setor que mais sofreu com o cenário negativo foi
o sucroalcooleiro. As ações da
Açúcar Guarani, com sede em
Olímpia, caíram 69,9%. Na Cosan, que tem usinas em Ibaté,
Guariba, Igarapava e Araraquara, a desvalorização chegou a
62%. A São Martinho, com unidade em Pradópolis, teve baixa
de 60% neste período.
"O setor sucroalcooleiro é o
que mais vem sofrendo com a
crise, e essa queda nas ações é
um reflexo direto disso", disse
Henrique Benedini, especialista no mercado de ações e diretor da TBC Agentes Autônomos, de Ribeirão.
Para os analistas das empresas, a queda na bolsa é generalizada. "A queda da São Martinho está em linha com o mercado. Mas a empresa vai bem, tivemos ótimos resultados no final de 2008 e as expectativas
são as melhores", disse Felipe
Vicchiato, gerente de relações
com investidores.
A empresa, segundo ele, fechou o terceiro trimestre da safra 2008/2009 com receita líquida de R$ 221 milhões, um
aumento de 73,5% em relação à
safra anterior.
Outra grande empresa que
viu sua carteira se desvalorizar
no período foi o SEB (Sistema
Educacional Brasileiro), do
Grupo COC, de Ribeirão. Desde
setembro, a desvalorização de
suas ações é de 46,6%.
De acordo com Francisco
Bianchi, gerente de relações
com investidores do SEB, não
há motivos para preocupação
dos acionistas. "Diferente de
outros setores, nossa operação
não mudou em nada. Estamos
atendendo uma demanda muito satisfatória, estamos bem
posicionados e tranquilos", disse Bianchi, que cita recentes incorporações da empresa (leia
texto nesta página).
"O mercado todo caiu. Nossa
queda foi maior que a média do
mercado devido à falta de liquidez de papel, somos uma small
caps [empresas que têm baixo
valor de mercado], o que nos dá
uma limitação de fundos de investimentos", afirmou Carlos
Watanabe, diretor financeiro e
de relações com investidores da
Minerva.
Watanabe disse ainda que a
queda não preocupa. "Isso não
causa impacto no caixa da companhia. Estamos num período
de crise sem precedentes, não
sabemos quanto vai durar, mas
estamos bem tranquilos."
Para Tabajara Pimenta Júnior, doutor em administração
e especialista em mercado financeiro e de capitais, a necessidade de investidores de "fazer
dinheiro" motivou a queda.
"Esta queda das empresas
não tem ligação com o desempenho das empresas. Mas é
muito ruim para a empresa, de
uma maneira geral, já que seus
papéis tiveram forte desvalorização, o que prejudica sua imagem e pode gerar desconfiança
dos acionistas", disse o especialista, que é professor da FEA-RP (Faculdade de Economia,
Administração e Contabilidade
de Ribeirão Preto).
Para ele, acionistas devem
ter paciência. "Não é um bom
momento para vender ações
em baixa. O melhor é esperar.
Quem entra no mercado de
ações tem que pensar em um
horizonte a longo prazo."
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