Ribeirão Preto, Quarta-feira, 04 de Março de 2009

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Ações de empresas da região caem mais que as da Bovespa

Frigorífico Minerva perdeu 76%, mas setor que teve mais queda foi o sucroalcooleiro

Queda foi de 69,9% nas ações da Açúcar Guarani, 62% na Cosan e 60% na São Martinho; SEB, do Grupo COC, desvalorizou 46%

LUCAS REIS
DA FOLHA RIBEIRÃO

Desde a chegada dos primeiros indícios de crise mundial no Brasil, as ações das empresas com sede ou operação na região de Ribeirão Preto caíram, superando até as perdas da própria Bovespa (Bolsa de Valores do Estado de São Paulo).
Entre o dia 1º de setembro -período que marcou os primeiros reflexos da crise- e ontem, o índice Bovespa apresentou redução de 34,3%. No mesmo período, os papéis da Minerva, do setor de carnes e derivados, tiveram queda de 76,7% (de R$ 7,30 para R$ 1,92).
Porém, o setor que mais sofreu com o cenário negativo foi o sucroalcooleiro. As ações da Açúcar Guarani, com sede em Olímpia, caíram 69,9%. Na Cosan, que tem usinas em Ibaté, Guariba, Igarapava e Araraquara, a desvalorização chegou a 62%. A São Martinho, com unidade em Pradópolis, teve baixa de 60% neste período.
"O setor sucroalcooleiro é o que mais vem sofrendo com a crise, e essa queda nas ações é um reflexo direto disso", disse Henrique Benedini, especialista no mercado de ações e diretor da TBC Agentes Autônomos, de Ribeirão.
Para os analistas das empresas, a queda na bolsa é generalizada. "A queda da São Martinho está em linha com o mercado. Mas a empresa vai bem, tivemos ótimos resultados no final de 2008 e as expectativas são as melhores", disse Felipe Vicchiato, gerente de relações com investidores.
A empresa, segundo ele, fechou o terceiro trimestre da safra 2008/2009 com receita líquida de R$ 221 milhões, um aumento de 73,5% em relação à safra anterior.
Outra grande empresa que viu sua carteira se desvalorizar no período foi o SEB (Sistema Educacional Brasileiro), do Grupo COC, de Ribeirão. Desde setembro, a desvalorização de suas ações é de 46,6%.
De acordo com Francisco Bianchi, gerente de relações com investidores do SEB, não há motivos para preocupação dos acionistas. "Diferente de outros setores, nossa operação não mudou em nada. Estamos atendendo uma demanda muito satisfatória, estamos bem posicionados e tranquilos", disse Bianchi, que cita recentes incorporações da empresa (leia texto nesta página).
"O mercado todo caiu. Nossa queda foi maior que a média do mercado devido à falta de liquidez de papel, somos uma small caps [empresas que têm baixo valor de mercado], o que nos dá uma limitação de fundos de investimentos", afirmou Carlos Watanabe, diretor financeiro e de relações com investidores da Minerva.
Watanabe disse ainda que a queda não preocupa. "Isso não causa impacto no caixa da companhia. Estamos num período de crise sem precedentes, não sabemos quanto vai durar, mas estamos bem tranquilos."
Para Tabajara Pimenta Júnior, doutor em administração e especialista em mercado financeiro e de capitais, a necessidade de investidores de "fazer dinheiro" motivou a queda.
"Esta queda das empresas não tem ligação com o desempenho das empresas. Mas é muito ruim para a empresa, de uma maneira geral, já que seus papéis tiveram forte desvalorização, o que prejudica sua imagem e pode gerar desconfiança dos acionistas", disse o especialista, que é professor da FEA-RP (Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto).
Para ele, acionistas devem ter paciência. "Não é um bom momento para vender ações em baixa. O melhor é esperar. Quem entra no mercado de ações tem que pensar em um horizonte a longo prazo."


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