Ribeirão Preto, Quinta, 4 de março de 1999

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ECONOMIA
Em negociação com o sindicato patronal, trabalhadores do setor calçadista já querem o reajuste trimestral
Sapateiro negocia reposição de inflação

da Folha Ribeirão

O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Calçado e Vestuário de Franca, que está em negociação salarial, reivindica reajustes trimestrais dos ordenados, já prevendo a volta da inflação.
O presidente do sindicato, Milton da Silva, afirma que a intenção é evitar as perdas salariais da categoria. "A inflação já está aí e temos que estar prevenidos", diz.
Para ele, a perspectiva de aumento das exportações no setor calçadista e de retomada das contratações fortalece a reivindicação.
"Somos, provavelmente, o primeiro sindicato da região a pedir a reposição trimestral das perdas. Isso porque, além de estarmos em negociação, a categoria está fortalecida com a probabilidade de aumento na oferta de empregos."
O diretor do Sindicato da Indústria do Calçado de Franca Américo Pizza, responsável pela negociação com os funcionários, não foi localizado ontem. A Folha apurou que a probabilidade de as empresas aceitarem a proposta é remota.
Além da reposição trimestral da inflação, os sapateiros reivindicam reajuste de 3%, referente a perdas de 98, abono escolar de R$ 100 e aumento do piso da categoria de R$ 199 para R$ 250.
O economista Afonso Reis Duarte, delegado-regional do Corecon (Conselho Regional de Economia), afirma que a reposição temporária pode servir como "alimentador" da inflação.
"A inflação que já está chegando ao atacado pode não atingir o varejo, porque o momento econômico é recessivo e não há condições para aumento de preços", afirma.
Segundo ele, se a reposição da inflação for generalizada, os preços no varejo também devem passar a ser reajustados.
"Acho péssima a reindexação que, além de tudo, não é garantia de manutenção do poder de compra do trabalhador."
Duarte afirma que, com a boa perspectiva do setor calçadista, o sindicato deveria negociar outros benefícios. "A participação nos resultados das empresas, por exemplo, seria mais eficiente na reposição das perdas", afirma.

Benefícios
Segundo o economista, é certo que as empresas calçadistas terão ganho de receita com a mudança cambial que provocou a desvalorização do real.
Para o gerente comercial da Freeway, Milton Afonso de Sousa Filho, a grande variação do dólar ainda não permite calcular o custo para exportação.
A empresa produz cerca de 5.000 pares de calçados por dia e destina cerca de 10% à exportação.
"Estamos prevendo um crescimento porque o produto nacional ficou mais competitivo no exterior, mas algumas matérias-primas também estão aumentando."
Sousa Filho afirma que a empresa está negociando com fornecedores. "Não queremos aumentar preço porque isso pode servir como um breque nas vendas."



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