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ECONOMIA
Em negociação com o sindicato patronal, trabalhadores do setor calçadista já querem o reajuste trimestral
Sapateiro negocia reposição de inflação
da Folha Ribeirão
O Sindicato dos Trabalhadores
nas Indústrias de Calçado e Vestuário de Franca, que está em negociação salarial, reivindica reajustes trimestrais dos ordenados,
já prevendo a volta da inflação.
O presidente do sindicato, Milton da Silva, afirma que a intenção
é evitar as perdas salariais da categoria. "A inflação já está aí e temos
que estar prevenidos", diz.
Para ele, a perspectiva de aumento das exportações no setor calçadista e de retomada das contratações fortalece a reivindicação.
"Somos, provavelmente, o primeiro sindicato da região a pedir a
reposição trimestral das perdas.
Isso porque, além de estarmos em
negociação, a categoria está fortalecida com a probabilidade de aumento na oferta de empregos."
O diretor do Sindicato da Indústria do Calçado de Franca Américo
Pizza, responsável pela negociação
com os funcionários, não foi localizado ontem. A Folha apurou que
a probabilidade de as empresas
aceitarem a proposta é remota.
Além da reposição trimestral da
inflação, os sapateiros reivindicam
reajuste de 3%, referente a perdas
de 98, abono escolar de R$ 100 e
aumento do piso da categoria de
R$ 199 para R$ 250.
O economista Afonso Reis Duarte, delegado-regional do Corecon
(Conselho Regional de Economia), afirma que a reposição temporária pode servir como "alimentador" da inflação.
"A inflação que já está chegando
ao atacado pode não atingir o varejo, porque o momento econômico
é recessivo e não há condições para
aumento de preços", afirma.
Segundo ele, se a reposição da inflação for generalizada, os preços
no varejo também devem passar a
ser reajustados.
"Acho péssima a reindexação
que, além de tudo, não é garantia
de manutenção do poder de compra do trabalhador."
Duarte afirma que, com a boa
perspectiva do setor calçadista, o
sindicato deveria negociar outros
benefícios. "A participação nos resultados das empresas, por exemplo, seria mais eficiente na reposição das perdas", afirma.
Benefícios
Segundo o economista, é certo
que as empresas calçadistas terão
ganho de receita com a mudança
cambial que provocou a desvalorização do real.
Para o gerente comercial da Freeway, Milton Afonso de Sousa Filho, a grande variação do dólar
ainda não permite calcular o custo
para exportação.
A empresa produz cerca de 5.000
pares de calçados por dia e destina
cerca de 10% à exportação.
"Estamos prevendo um crescimento porque o produto nacional
ficou mais competitivo no exterior, mas algumas matérias-primas também estão aumentando."
Sousa Filho afirma que a empresa está negociando com fornecedores. "Não queremos aumentar
preço porque isso pode servir como um breque nas vendas."
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