Empresa não paga salários desde o mês de dezembro e diz que culpa é da crise

Funcionário que aceitar proposta vai poder retirar o FGTS e receber parcelas do seguro-desemprego, diz advogado da usina

DA FOLHA RIBEIRÃO

Sem pagar salários desde dezembro, a Cerp (Companhia Energética de Ribeirão Preto) concedeu licença remunerada a 200 funcionários e propôs um PDV (Programa de Demissão Voluntária) a outros cem trabalhadores rurais. O motivo, segundo a usina de açúcar e álcool, é a crise.
A empresa sugeriu aos cem funcionários a liberação do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) e o acesso ao seguro-desemprego.
"Não temos como pagar os trabalhadores e resolvemos fazer esta proposta. Tudo isso ocorre em razão da crise. A empresa passa por dificuldades por conta de falta de crédito", disse Amauri César de Oliveira Junior, advogado da empresa.
Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Fabricação do Álcool, Químicas e Farmacêuticas, Pedro Jesus Sampaio, haverá uma assembleia na segunda-feira para discutir com os trabalhadores as perspectivas de futuro na empresa. "Eles receberam uma cesta básica da Cerp porque muitos estão em dificuldades", disse Sampaio.
O PDV não precisa ser aceito pelo sindicato. Cada trabalhador decide se quer ou não a demissão voluntária.
Segundo o advogado, a empresa não pretende fazer mais cortes. "Nós precisamos de mão-de-obra para dar inicio à safra, mas tudo vai depender da entrada de recursos para que possamos liquidar a questão salarial", disse Oliveira Júnior. A safra da Cerp, que tem 350 funcionários, está prevista para começar em 15 de maio.
Em novembro do ano passado, cerca de 270 trabalhadores rurais protestaram após receber o pagamento pela rescisão contratual em cheques cruzados, que só poderiam ser depositados, o que contraria a CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) -a usina trocou os cheques após os protestos.
Um mês antes, 700 trabalhadores pararam as atividades para pedir o depósito do FGTS que, segundo eles, não estava sendo feito.


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