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Nº de homicídios é o mais alto desde 2005
De janeiro a março, foram registradas 73 mortes violentas na região; só o último trimestre de 2005 teve mais casos: 88
Crimes contra o patrimônio, em especial os roubos de veículos, caíram na região; especialista em segurança diz que "cobertor é curto"
JEAN DE SOUZA
DA FOLHA RIBEIRÃO
Som alto, discussão entre vizinhos e dois tiros. Esse foi o roteiro da morte de Gildemar Rodrigues, 27, em 22 de fevereiro
em Ribeirão Preto. Ele foi uma
das vítimas de homicídio do
primeiro trimestre deste ano,
que foi o mais violento desde
2005 na região.
Dados da Secretaria de Estado da Segurança Pública mostram que à morte de Rodrigues
se somaram 72 casos semelhantes na área do Deinter-3
(Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo Interior),
que abrange Ribeirão e mais 92
cidades da região.
Há 16 trimestres não havia,
na região, tantas homicídios
dolosos, ou seja, em que há a intenção de matar.
Segundo estatísticas da secretaria, nesse tipo de crime, o
trimestre passado só perde para os últimos três meses de
2005, que tiveram 88 mortes.
Se a ameaça à vida registrou
alta, os crimes contra o patrimônio, que vinham subindo,
seguiram na direção contrária.
Furtos e roubos caíram. O
destaque foi o roubo de veículos: passou de 205 no primeiro
trimestre de 2009 para 171 no
mesmo período deste ano, uma
queda de 17%. Os outros tipos
de roubos também diminuíram, de 2.181 para 1.837.
Para Guaracy Mingardi,
cientista social e integrante do
Fórum Brasileiro de Segurança
Pública, a contradição entre os
números pode ser explicada
pelo fator "cobertor curto", ou
seja, a prioridade ao combate
de um determinado tipo de crime deixa descoberta a ação
contra outros -no caso da região, os homicídios.
Outras razões, no entanto,
podem ser encontradas ao longo da investigação das mortes
violentas, diz Mingardi.
"Homicídio é o tipo de crime
que depende de investigação e
não de prevenção. É preciso verificar quem são as vítimas, o
que fazem, onde moram para
saber se há uma tendência de
aumento generalizado."
Representantes das polícias
Civil e Militar dizem ter identificado em fatores isolados as
causas desse aumento e, por isso, os dados não apontam para
um aumento da criminalidade.
"Um dos pontos que colaboraram com esse aumento são os
homicídios ocorridos dentro de
casa. Você percebe envolvimento grande de trabalhadores
rurais, está ligado a um problema social", diz Valmir Granucci, diretor do Deinter 3.
De fato, boa parte da alta dos
homicídios foi registrada em
municípios canavieiros da região, como Guariba (de zero no
1º trimestre de 2009 para quatro de janeiro a março deste
ano), Serrana (de zero para
três), Viradouro (de um para
três) e Pontal (de um para três).
Para Granucci, no entanto, a
imprevisibilidade dos crimes
não exime o Estado da responsabilidade de combatê-los.
"Muitas vezes você registra
um boletim de ocorrência por
ameaça que, se não vier a dar
atenção amanhã, vai gerar um
homicídio", disse o delegado.
A tenente Lilian Caporal
Nery, porta-voz da PM em Ribeirão, disse que a análise da
corporação mostra que boa
parte dos crimes ocorreu dentro de casa e o agressor conhecia a vítima. "Tem mais natureza social que de segurança."
Um dos meios para combater
esses crimes é retirar retirar armas das ruas, diz a tenente. No
primeiro trimestre, a PM
apreendeu 357 armas.
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