Ribeirão Preto, Domingo, 04 de Junho de 2000


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SEGURANÇA
Para 68% dos moradores com idade para votar, GCM de Ribeirão Preto deve usar armas na cidade
Maioria aprova armamento da Guarda

Lucio Piton/Folha Imagem
Guardas de Batatais, uma das corporações armadas da região, retiram revólveres 38 de armário


LUÍS EBLAK
EDITOR-ASSISTENTE DA FOLHA RIBEIRÃO

A maioria da eleitores de Ribeirão Preto é a favor do armamento da GCM (Guarda Civil Municipal) da cidade.
Pesquisa feita pelo Datafolha no dia 24 do mês passado mostra que 68% dos entrevistados querem que a Guarda passe a andar armada, reforçando a segurança preventiva realizada pela Polícia Militar. Outros 26% são contra, 2% se dizem indiferentes e 4%, que não sabem.
A opinião favorável ao armamento reflete o medo dos moradores em relação à violência. Desde 1997, quando foram registrados 180 assassinatos em Ribeirão, vem crescendo o número de homicídios. Pulou para 196, em 98, e para 218, no ano passado.
Contando os dados só até o último fim-de-semana, já foram registrados 110 homicídios neste ano -até anteontem à noite-, contra exatos 100 de janeiro a maio de 1999, segundo a polícia.
Lei aprovada pela Câmara em 1996 autoriza que a Guarda passe a andar armada. A Prefeitura de Ribeirão já comprou 50 revólveres calibre 38, 30 coletes à prova de balas, oito motocicletas, um veículo Blazer e um Gol, que serão usados pela corporação.
Apesar da aprovação dos eleitores, o armamento não é defendido por especialistas. Eles apontam a falta de preparo dos guardas como um dos motivos da discórdia. Além disso, eles dizem que comprar revólveres não resolve o problema da violência.
Na região, há pelo menos três guardas municipais que já estão armadas -Batatais, Sertãozinho e Matão.
Dos 205 guardas de Ribeirão, 98 já fizeram curso preparatório para usar as armas nas ruas da cidade. A corporação só depende agora de autorização formal da Polícia Civil para sair às ruas com seus revólveres.
A superintendência da Guarda de Ribeirão Preto prevê que seus homens estejam armados em, no máximo, 30 dias, embora ressalte que o caso está nas mãos das autoridades do Estado.
Levando-se em conta apenas os grupos de sexo, idade e renda familiar, as mulheres, os mais jovens e os mais pobres -teoricamente, uma fatia da população que mais vem sofrendo com a violência- concordam com o armamento da Guarda.
As mulheres, por exemplo, registraram mais ocorrências de violência. O índice cresceu 16,67% entre 1997, quando foram registradas 3.714 queixas, e 99, ano que houve 4.333 registros.
Entre as entrevistadas pelo Datafolha, 70% são a favor do armamento da Guarda. Junto aos homens, a taxa cai para 66% (embora a margem de erro seja de cinco pontos percentuais, para mais ou para menos).
Dos eleitores entre 16 anos e 24 anos, 74% defendem o armamento (24% não). Dos que têm renda familiar mensal até dez salários mínimos (R$ 1.510), 69% apóiam (24% são contrários).


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