Ribeirão Preto, Domingo, 04 de Junho de 2000


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FÁBIO SOARES
O vazio dos estádios

Lembro de acordar cedo no domingo, encontrar os amigos na rodoviária e sair de Santos para assistir aos clássicos do Campeonato Paulista em São Paulo. Comecei a expandir meus limites, até então restritos à Vila Belmiro e ao Ulrico Mursa, por volta de 87. Antes tinha ido ao Morumbi só com meu pai e meu irmão (uma das vezes no último título do Santos, em 84).
Na adolescência, não presenciei clássicos com menos de 50 mil pessoas. Contávamos em tom competitivo quantos "gomos" do Morumbi cada torcida preenchia. Nenhum dos 12 ficava vazio. E olha que não havia garotinhas rebolando com aqueles pompons ridículos nem compra de ingressos via Internet.
Conto isso porque dói ver os principais estádios da capital vazios nos últimos grandes jogos, independentemente do campeonato. O primeiro Santos e Palmeiras da semifinal atraiu 7.000 testemunhas. O badaladíssimo Corinthians e Palmeiras, pela Libertadores, vendido como o mais importante duelo da história de ambos, cerca de 35 mil. Na Globo, recorde de audiência.
É bom ressaltar a característica paulista desse fenômeno. No Rio, até o combalido Fluminense leva mais torcida.
Para não fugir totalmente do enfoque regional da coluna, no interior a situação é pior. Sem os confrontos contra os grandes na primeira fase do torneio, as médias de público despencaram.
A overdose de futebol cansou até os mais abnegados. O Paulista dividido em milhões de fases esdrúxulas, Libertadores com cinco representantes brasileiros, Campeonato Brasileiro com rebaixamento virtual, Copa do Brasil, Mercosul, Mundial de clubes etc. Tudo isso na TV, com alguém para explicar as regras, sem bala perdida e com cerveja. A escolha foi feita.

E-mail fluiz@folhasp.com.br


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