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FÁBIO SOARES
O vazio dos estádios
Lembro de acordar cedo
no domingo, encontrar os
amigos na rodoviária e sair de
Santos para assistir aos clássicos
do Campeonato Paulista em
São Paulo. Comecei a expandir
meus limites, até então restritos
à Vila Belmiro e ao Ulrico Mursa, por volta de 87. Antes tinha
ido ao Morumbi só com meu pai
e meu irmão (uma das vezes no
último título do Santos, em 84).
Na adolescência, não presenciei clássicos com menos de 50
mil pessoas. Contávamos em
tom competitivo quantos "gomos" do Morumbi cada torcida
preenchia. Nenhum dos 12 ficava vazio. E olha que não havia
garotinhas rebolando com
aqueles pompons ridículos nem
compra de ingressos via Internet.
Conto isso porque dói ver os
principais estádios da capital
vazios nos últimos grandes jogos, independentemente do
campeonato. O primeiro Santos
e Palmeiras da semifinal atraiu
7.000 testemunhas. O badaladíssimo Corinthians e Palmeiras, pela Libertadores, vendido
como o mais importante duelo
da história de ambos, cerca de
35 mil. Na Globo, recorde de audiência.
É bom ressaltar a característica paulista desse fenômeno. No
Rio, até o combalido Fluminense leva mais torcida.
Para não fugir totalmente do
enfoque regional da coluna, no
interior a situação é pior. Sem os
confrontos contra os grandes na
primeira fase do torneio, as médias de público despencaram.
A overdose de futebol cansou
até os mais abnegados. O Paulista dividido em milhões de fases esdrúxulas, Libertadores
com cinco representantes brasileiros, Campeonato Brasileiro
com rebaixamento virtual, Copa do Brasil, Mercosul, Mundial
de clubes etc. Tudo isso na TV,
com alguém para explicar as regras, sem bala perdida e com
cerveja. A escolha foi feita.
E-mail fluiz@folhasp.com.br
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