Políticos que integram partidos que estarão na chapa do tucano veem avanços na gestão do governo petista

Mesmo com o apoio a Lula, porém, maioria dos prefeitos ouvidos fará campanha para Serra nas eleições

Edson Silva - 29.abr.2010/Folhapress

Geraldo Alckmin e José Serra (PSDB) ao lado da prefeita de Ribeirão, Dárcy Vera (DEM)

JEAN DE SOUZA
DE RIBEIRÃO PRETO

Dominada politicamente por tucanos e aliados, a região de Ribeirão Preto vai de Serra nas eleições presidenciais deste ano, mas aprova a gestão petista do presidente Lula que está se encerrando.
Durante três dias, a reportagem da Folha ouviu 35 dos 89 prefeitos da região. Juntos, eles compõem uma amostra da realidade política estabelecida pelas urnas nas últimas eleições.
Dos entrevistados, 18 (ou 53%) são de partidos que estão formalmente aliados a José Serra (PSDB, DEM, PTB e PPS) no Estado. As legendas têm 48 prefeituras (54% do total) na região.
Entre os apoiadores de Dilma Rousseff (PT), foram consultados oito prefeitos (24%) de partidos da chapa petista. São ligados a PT, PDT, PSB e PSC, que dominam 20 prefeituras (22%).
Os demais prefeitos se dividem em siglas como PP e PMDB, que no Estado estão dividas entre as candidaturas de Serra e de Dilma.
Esse predomínio da corrente serrista, porém, não significa rejeição ao governo Lula, ponto de apoio da candidatura da petista.
O presidente tem 89% de aprovação entre os políticos locais que foram ouvidos.
Justificam essa aceitação, segundo eles, as políticas sociais, o aumento real do salário mínimo nos últimos sete anos, a manutenção dos pilares econômicos do governo Fernando Henrique Cardoso e a distribuição de recursos aos municípios, entre outras políticas.
"Acho que a maior contribuição do Lula foi a política de elevar o salário mínimo acima da inflação. Isso se refletiu na renda dos municípios", afirmou o serrista e prefeito de Jeriquara, Alexandre Borges (DEM).
Para o prefeito de São José da Bela Vista, José Benedito Barcelos (PSDB), os avanços sociais obtidos na gestão do petista justificam sua aprovação popular.
Parte do mérito de Lula, no entanto, é atribuída pelos aliados de Serra ao fato de ele não ter rompido com as políticas macroeconômicas estabelecidas na gestão de FHC, como o Plano Real e as metas de inflação.
"Como ele manteve a austeridade do governo anterior, sobrou dinheiro para investimentos", disse o prefeito de Olímpia, Geninho Zuliani (DEM), também serrista.
O principal mote da campanha do tucano -de que Dilma não é Lula- também serve de coro para os prefeitos declararem seu apoio a Serra, mesmo diante dos méritos do atual governo.
"Aprovo Lula, mas ele nós conhecemos. Na Dilma nós não confiamos", diz José Carlos Simão (PTB), prefeito de Santa Ernestina.


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