Ribeirão Preto, Domingo, 4 de outubro de 1998

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POLÍTICA
Abstenção e votos brancos e nulos eliminam candidatos da corrida eleitoral nos principais colégios da região
Votos inválidos 'barram' deputados

Lucio Piton/Folha Imagem
Cabos eleitorais com bandeiras e "santinhos" no cruzamento das avenidas Nove de Julho e Independência, em Ribeirão Preto


CRISTIANE BARÃO
da Reportagem Local

Além da disputa pelo eleitor, candidatos a deputados da região também desafiam a abstenção e os votos brancos e nulos, que juntos na última eleição deixaram de eleger pelo menos oito estaduais e quatro federais.
Nos quatro principais colégios eleitorais da região -Ribeirão, Franca, São Carlos e Araraquara- , em 94, 34% dos eleitores deixaram de apontar um nome à Assembléia Legislativa e à Câmara.
O resultado foi que a região acabou elegendo quatro deputados federais e oito estaduais, exatamente metade do que poderia fazer.
Neste ano, a Justiça Eleitoral espera aumentar os votos válidos com a urna eletrônica.
Em Ribeirão, por exemplo, dos 271.612 eleitores à época, 85.480 anularam ou votaram em branco para federal e 80.370 não apontaram nome para deputado estadual.
Já os eleitores que nem chegaram a votar foram 29.049. Isso significa que os votos válidos elegeram dois estaduais -Antonio Duarte Nogueira Júnior (PFL) e Léo Oliveira (PTB)- e um suplente de deputado que assumiu o cargo em seguida -Rafael Silva (PDT).
Os votos válidos de Ribeirão também alavancaram três candidaturas a federal -Wagner Rossi (PMDB), Corauci Sobrinho (PFL) e Welson Gasparini (PSDB).
Em Franca, apenas o tucano Roberto Engler conseguiu se eleger. Num universo de 141.335 eleitores, 55.834 não indicaram candidato a federal e 49.102 votaram em branco ou não votaram para estadual.
O colégio eleitoral de Araraquara garantiu a eleição do deputado federal Marcelo Barbieri (PMDB) e do estadual Dimas Ramalho (PMDB). Na cidade, 28.384 não votaram para deputado federal e 34.490 não escolheram estadual.
A abstenção foi de 9.918 eleitores de um total de 104.100.
São Carlos elegeu o peemedebista Lobbe Neto como deputado estadual e apresentou uma abstenção de 9.305 eleitores de um colégio de 104.268. Dos 94.963 votantes, 36.279 não votaram para deputado federal e 34.260 deixaram de apontar um estadual.
A explicação dos partidos para o alto índice de votos e nulos é o baixo estímulo do eleitor e o descrédito pela classe política.
De acordo com o segundo vice-presidente nacional do PMDB, Wagner Rossi, "a alienação dos eleitores é provocada pelo sentimento de exclusão".
Já, de acordo com o segundo vice-líder do PFL na Câmara dos Deputados, Corauci Sobrinho, em uma campanha proporcional, o candidato não consegue atingir o eleitor como atingiria, por exemplo, numa eleição municipal.
"O candidato não tem acesso ao horário eleitoral gratuito e a maior carga de informação refere-se às candidaturas majoritárias -presidente, governador e senador."
A mesma opinião é defendida pelo deputado federal Welson Gasparini (PSDB). "Na campanha inteira, tive um minuto na TV."
Para o presidente estadual do PPB, Marcelino Romano Machado, o voto eletrônico deve aumentar o interesse do eleitor.
De acordo com o professor de pós-graduação em Ciências Sociais da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos) Fernando Azevedo, o eleitor não tem interesse em votar para deputado porque a classe está desgastada.



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